//SALETE SILVA// Empresa dona da van incendiada será multada



A empresa proprietária da van que transportava pacientes de Serra Negra, incendiada na quinta-feira, 22 de maio, na Rodovia SP-360, deverá sofrer multa, prevista em contrato firmado com a Secretaria Municipal de Saúde. Mas até agora a prefeitura não prestou nenhum esclarecimento oficial à população sobre o ocorrido.

Praticamente todo o serviço de transporte de pacientes eletivos do município foi transferido pela Pasta da Saúde à inciativa privada por meio da terceirização dos serviços, que custaram cerca de R$ 2 milhões aos cofres municipais no ano passado, segundo a Prestação de Contas das Aplicações do Fundo Municipal de Saúde e Gestão em Saúde de 2024.

Os contratos com as empresas terceirizadas somaram R$ 985,3 mil, praticamente metade de toda a despesa da saúde com transporte de pacientes. O secretário de Saúde, Ricardo Minosso, nos últimos anos, têm declarado que considera o custo/benefício financeiro da terceirização do transporte mais vantajoso para os cofres municipais.

O principal argumento do secretário é que as despesas são mais onerosas com a manutenção de frota própria. A secretaria dispõe no total 17 veículos para deslocamento programado de pacientes com procedimentos de saúde não urgentes agendados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Do total, cinco carros são de frota própria, entre os quais um modelo Gol, dois Sandero, dois Spin e um Gol. O restante é locado de empresas terceirizadas: cinco veículos de modelo Gol, cinco Van Master, com capacidade de carga ideal para transporte de carga pesada, e apenas duas Van Jumper, mais confortáveis e versáteis para o transporte de passageiros. As vans têm capacidade para 10, 15 e 16 passageiros. 

Os veículos destinados a pacientes eletivos fizeram no ano passado 6.580 viagens, transportando 15.387 passageiros e 7.716 acompanhantes para 18 municípios do Interior, além da capital, entre os quais Campinas, Bragança Paulista, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Amparo, Barretos, Bauru e Ribeirão Preto. 

Para o transporte em ambulância são utilizados 12 veículos, dos quais dez Renault Master, uma versão da van Renault Master, adaptada para o atendimento médico e o transporte de pacientes que inclui a instalação de equipamentos médicos, e duas ambulâncias Peugeot Partner, veículo utilitário adaptado para servir como ambulância para remoções simples de pacientes que não correm risco de vida. 

Foram registradas 2.221 ocorrências com ambulâncias em dez rotas, que incluíram Amparo, Barretos, Campinas, Bragança e Santa Bárbara do Oeste. 

Mesmo com a terceirização do transporte eletivo de pacientes, a Secretaria de Saúde gastou no ano passado R$ 344, 3 mil com manutenção da frota; R$ 334,4 mil com combustível; R$ 50,3 mil com pneus; e R$ 130,8 mil com marmitas. 

Reclamações

A divulgação do incêndio da van na semana passada provocou mais uma discussão nas redes sociais sobre a qualidade dos serviços de transporte de pacientes oferecidos pela prefeitura. 

O relato de pacientes que estavam no veículo incendiado causou preocupação na população. Entre os passageiros havia criança, idoso e pacientes em tratamento de câncer, retornando do Hospital da Unicamp. 

“Ouvimos um barulho forte, seguido de cheiro forte de combustível em seguida a fumaça já estava tomando conta! Tudo muito rápido”, disse a mãe de uma criança com transtorno do espectro autista. 

A passageira elogiou atitude do motorista que ajudou os passageiros a deixar o veículo. Pacientes da cidade que utilizam o serviço de transporte, no entanto, aproveitaram para criticar o estado de conservação e falta de conforto dos veículos, além do tratamento dispensado por motoristas aos passageiros.  

“Peguei uma van da prefeitura segunda-feira (20 de maio), a motorista me humilhou a viagem toda, dirigia fazendo videochamada, os pacientes vomitando, inclusive eu. A motorista, no final da viagem me ameaçou e eu tenho o vídeo. Além de me ameçar, ela tentou me agredir e eu corri”, afirmou um paciente. 

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra

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