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"É proibido qualquer tipo de equipamento de som durante o desfile", diz o Parágrafo X do Artigo 2º do regulamento do desfile de "Blocos e/ou Abadás" que a Prefeitura de Serra Negra vai promover no Carnaval deste ano, dias 1º e 3 de março, na Avenida Laudo Natel.
Então, se a gente interpretar literalmente o que está escrito, quer dizer que vamos ter um desfile carnavalesco silencioso este ano na cidade?
Espero que não.
Por mais que as autoridades serranas tenham feito para transformar a maior festa popular do Brasil num evento xoxo e artificial - o tal do "Carnaval Família" - acho mesmo que a intenção dos organizadores é proibir que os foliões levem seus instrumentos e sua música para a rua. Nada mais sem graça do que isso...
Além desse parágrafo mal escrito, o regulamento do desfile traz uma série de atentados à língua portuguesa. A começar pelo seu título: "Credenciamento e Regulamentação do Desfile de Blocos e/ou Abadás no Serra Alegria 2025".
Atenção secretários de Cultura, de Turismo e Desenvolvimento Econômico - alguém sabe quem são? - e prefeito Elmir Chedid, responsáveis pelo documento: abadá não é sinônimo de bloco. Abadá, segundo o "Dicionário Escolar da Língua Portuguesa", da Academia Brasileira de Letras, é uma "espécie de bata usada pelos foliões no carnaval, especialmente nos trios elétricos". Os blocos desfilam, os abadás vestem os foliões. Entendido?
Abadás à parte, a redação do tal regulamento contraria a propaganda oficial que exalta a educação oferecida pelo Poder Público serrano como uma das melhores do Brasil, tantos os erros de português - concordância, ortografia, sintaxe - que contém.
Ninguém espera que um simples regulamento seja uma peça literária, mas ele ao menos deveria, já que se trata de um documento oficial de uma prefeitura, obedecer minimamente as regras gramaticais de nossa língua.
Essas observações que faço podem ser vistas por alguns como lamúrias de um velho chato e ranzinza, incapaz de elogiar o que quer que seja. Prefiro, todavia, vê-las como mais um exemplo do amadorismo da atual administração serrana.
Com todo o respeito ao sr. prefeito, assinar e publicar um documento desses é, como se expressa na linguagem popular, o fim da picada.
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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra
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