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Nesta semana, o Parque Ibirapuera completa 70 anos. É considerado o principal ponto de lazer da população da Capital. Aos domingos, chega a receber 180 mil pessoas.
Concedido à iniciativa privada em 2020, o parque recebeu alegados investimentos de R$ 170 milhões. Parece bem tratado e com alguns serviços melhores do que antes. Ponto.
O maior problema é a lógica da elitização. O Ibirapuera, símbolo da cidade, mais parece um shopping center a céu aberto. Há anúncios para todo lado e reformas duvidosas, sem o devido aviso aos usuários. Uma agência bancária e até laboratório de um grande hospital privado estão sendo erguidos.
O estacionamento ficou caro demais e todos os espaços são alugados. Até professores de ginástica são cobrados por levarem seus alunos para se exercitarem no parque.
Os reformados sanitários perderam o bebedouro na sua entrada, que deu lugar a uma máquina de venda de bebidas. Tem até água, por R$ 4 a garrafinha.
É uma forma de isolar o povo de baixa renda. Passar um domingo ensolarado, sob 30ºC, tendo de pagar até pela água não é para qualquer família. O custo para frequentar um parque público ficou inviável para os milhões de pobres da cidade.
Por mais incrível que possa parecer, pior acontece no Anhangabaú. Em dias de evento organizado pelo novo “dono”, o histórico vale de manifestações democráticas fica fechado para o público, obrigado a dar uma enorme volta para ir de um lado para outro da cidade.
A lógica mercantilista que orienta as concessões de espaços públicos é uma afronta a todos os cidadãos que, afinal de contas, pagam impostos.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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Comentários
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Morei por pouco mais de dez anos a poucas quadras do parque e, frequentava quase que diariamente, de segunda a segunda em horários diversos.
ResponderExcluirAs 06:00 da matina já se via muitos praticantes de corrida, caminhadas e bicicletadas.
Nos finais da tarde e a noite, sempre cheio, com crianças, cachorros, jovens, adultos e idosos e idosos acompanhados de seus(as) cuidadores(as).
Cada um na sua, uns com patinetes, patins, outros de bike, outros caminhando, outros correndo, pedalando, outros contemplando o verde e as aves.
Famílias com crianças nos brinquedos. Pessoas tomando sol, fazendo piqueniques, as vezes até tirando um cochilo nos gramados.
Era um parque extremamente democrático.
O parque era aberto a todos, de domésticas e porteiros que trabalhavam nos edifícios de alto padrão da Vila Nova Conceição, até seus patrões que corriam quase que uniformizados ouvindo suas músicas na época do ipod.
E não custava nada.
Via desde “caloi ceci” até as poderosas “specializeds” .
Assistia jogos de basquete, futsal e voley nas quadras e, até campeonatos de “ultimate frisbee” que eu não sabia que existia campeonato mundial disso.
Sempre tinha um coco gelado servido pelos simpáticos vendedores nas suas barraquinhas ou carrinhos.
Todos aproveitavam o espaço e nem percebiam diferenças sociais ou econômicas. Todos apenas se divertiam, cada um do seu jeito e no seu estilo.
Será que o parque continua sendo um exemplo de espaço democrático e livre?
Precisamos prestar atenção nessas novidades das concessões e privatizações. Isso é bom pra quem?
Queremos uma cidade para todos, inclusiva e interativa. Ou queremos uma cidade que segrega, que separa, com parques privatizados, condomínios fechados, muros, cercas elétricas e segurança privada?
Queremos uma cidade onde exista bairro de rico e bairro de pobre? Lazer para rico e lazer para pobre? Parque para rico e parque para pobre?
Como é bom ter uma área verde perto de casa. Em Serra Negra você tem uma praça ou um parque municipal por perto que dê para ir a pé?
É pra se pensar, né?