//FERNANDO PESCIOTTA// Precipitação



Como previsto, a situação na Venezuela se agrava, com duras consequências no cenário político brasileiro. Também como esperado, os dois lados extrapolam, assim como a leitura ideologizada da mídia brasileira e de grupos à esquerda e à direita.

Conforme relatos de várias frentes, protestos contra a reeleição de Nicolás Maduro já provocaram ao menos 11 mortes. Há denúncias de sequestros e prisões supostamente ilegais, configurando uma “repressão desmedida”.

É praticamente unânime, porém, que falta transparência. Entidades civis e governos cobram os tais mapas das sessões eleitorais, e Maduro pede prazo “regulamentar” para entregá-los.

Diante de tantas dúvidas, de um lado e de outro é precipitado assumir posições, principalmente aquelas que podem causar embaraços futuros.

E foi nessa armadilha que o presidente Lula caiu ao dizer que está “convencido” de que “não há nada de grave” ou “assustador” no processo eleitoral do país, apesar de engrossar o coro pelo pedido de dados sobre a votação. Segundo ele, a contestação da oposição venezuelana “é um processo normal”.

Lula está apanhando mais do que Judas no Sábado de Aleluia por causa disso e, cá entre nós, poderia evitar essa situação. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

---------------------------------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



Comentários