//FERNANDO PESCIOTTA// As razões de Lula e o pedido de trégua



Em evento que reuniu alguns políticos, muitos empresários e banqueiros, o presidente da Federação Nacional dos Bancos, Isac Sidney, pediu uma trégua entre o presidente Lula e Roberto Campos Neto. O litígio levou o dólar às alturas, com prejuízo para muita gente, alegou.

O importante no gesto de Sidney é o reconhecimento de que “os dois lados” têm agido nesse conflito. Lula como presidente da República pode não ter obedecido o caminho mais inteligente, mas tem legitimidade para fazer o que fez.

O problema é o presidente do BC se manifestar politicamente. Nenhum presidente de banco central do mundo faz o que esse sujeito faz. E até o representante dos banqueiros reconhece o erro a ponto de pedir para ele rever suas atitudes.

Consta que Lula atacou o BC, o mercado financeiro e os juros altos baseado numa pesquisa que lhe chegou às mãos indicando que 60% da população tem ódio das taxas altas e apoia os ataques ao sistema financeiro.

Lula viu, portanto, uma oportunidade para melhorar sua popularidade, mas chegou a um ponto que até economistas ligados ao PT lhe pediram para dar um tempo. O risco de prejuízos ainda maiores por causa do efeito inflacionário crescia consideravelmente.

Foi o que aconteceu. Roberto Campos Neto tirou férias, Fernando Haddad conversou com Lula e, simultaneamente, anunciaram respeito ao equilíbrio fiscal. Tiraram argumentos dos especuladores e o dólar começou a cair. Resta saber como parte do mercado que ganha dinheiro com esse movimento especulativo vai reagir.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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