//FERNANDO PESCIOTTA// Sabotagem em curso

Na sexta-feira (7), o mercado financeiro voltou a dar sinais de que alguma coisa está forçando quedas seguidas da Bolsa e altas do dólar. Além de indicações de juros altos nos EUA, o que atrai o capital, avançam indicações de ruídos no cenário nacional.

A justificativa da vez para nova derrapada do mercado é o vazamento de conversa reservada do ministro Fernando Haddad com “gente grossa” do mercado financeiro, ou os “donos do dinheiro”, como dizem alguns colunistas.

O vazamento dava conta de uma suposta mudança no arcabouço fiscal comunicada por Haddad. Irritado, o ministro negou a “informação”. O vazamento, para além de antiético e imoral, é criminoso por se tratar de “informação” falsa.

Haddad disse que o CEO do Santander estava no grupo que conversou com ele e poderia testemunhar sobre o que de fato foi dito. O presidente do banco até agora continua calado.

Versões da fala de Haddad foram distribuídas em grupos de WhatsApp, que muita gente reconhece como centro de exibicionismo e de difusão de mentiras e fofocas. Algum idiota quis aparecer como poderoso portador de informação ou agiu em nome do patrão, o que não lhe tira o adjetivo.

A ação criminosa é reveladora de um ambiente de sabotagem contra o governo. Ela surge ao mesmo tempo em que o setor empresarial pressiona pela desvinculação da Previdência da política de reajustes do salário mínimo e pelo fim do piso das áreas de Saúde e Educação. Querem ver o governo Lula no buraco.

O resultado foi uma sexta-feira mais caótica do que os dias anteriores vinham sendo, e talvez muitos especuladores tenham feito fortunas.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com