//SALETE SILVA// Associação luta para melhorar a vida no Nova Serra Negra

Dan José Gomes Camara: associação tem
promovido ações culturais e de cidadania

 
O investimento em infraestrutura no loteamento Nova Serra Negra não tem conseguido acompanhar o processo acelerado de expansão demográfica, iniciado há cerca de quatro anos, que praticamente dobrou a população do bairro, elevando o número de habitantes de cerca de 2,5 mil pessoas para algo em torno de 5 mil moradores.

As estimativas são do secretário da Associação de Moradores da Nova Serra Negra, Dan José Gomes Camara, que exerce de forma interina o cargo de presidente. Reativada há cerca de nove anos, a associação tem trabalhado e contribuído para amenizar as dificuldades enfrentadas por moradores, a maioria dos quais das classes C e D (1 a 5 salários mínimos), trabalhadores rurais e empregados dos estabelecimentos comerciais e de hotelaria de Serra Negra.

“O objetivo é atender as famílias em suas necessidades intelectuais, culturais, que fundamentam a sociedade”, afirma Dan. Nos últimos anos, no entanto, ele lembra que a associação, com 80 associados, tem lutado para melhorar a qualidade de vida dos moradores e buscar soluções no Poder Público. A exemplo dos demais bairros da periferia da cidade, o Jardim Nova Serra Negra carece ainda de serviços básicos.

Transporte público

Distante da área central do município, a falta de transporte público para atender as necessidades diárias dos moradores é um dos problemas há anos sem solução. Os trabalhadores contam com linhas de ônibus no início da manhã e à tarde para ir e voltar do trabalho, mas as linhas disponíveis pela empresa concessionária do transporte público durante o dia são escassas e em horários muito espaçados.

Faltam ainda mais médicos, saneamento básico, opções de lazer, cultura, e em especial comércio, para atender as necessidades básicas da população, como medicamentos. Recentemente foi inaugurado um supermercado. Mas o loteamento não conta sequer com uma farmácia. O secretário da Associação de Moradores atribui o acelerado crescimento populacional da área à falta de infraestrutura.

Asfalto e saneamento

Os investimentos públicos têm chegado de forma paulatina ao bairro. As obras de asfaltamento, estimadas em R$ 4,5 milhões, levaram quase quatro anos para serem concluídas. Além da quebra de contrato de empresas encarregadas das obras, trechos precisaram de reparação antes mesmo do término dos trabalhos devido à falta de qualidade dos serviços ofertados.

A situação é mais morosa em relação às obras de saneamento básico. O problema se arrasta desde 2012, quando a prefeitura começou as negociações com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). A prefeitura inaugurou em setembro do ano passado a Estação Elevatória de Esgotos (EEE) do Loteamento Baratela, no Bairro das Posses, mas ainda há domicílios sem coleta de esgoto no Nova Serra Negra.

Saúde e segurança

A contratação de um clínico-geral por meio do Programa Mais Médicos, do governo federal, amenizou a falta e a rotatividade de médicos na Unidade de Saúde Básica (UBS) do local. Além do clínico-geral, a unidade oferece consultas de ginecologia e pediatria em dias específicos. A oferta de consultas, no entanto, ainda é insuficiente par atender a demanda, que não para de crescer.

A UBS local precisaria de pelo menos dois médicos por dia. Ao contrário do que ocorre na maior parte dos bairros de Serra Negra, devido à distância do centro da cidade, os moradores do Jardim Nova Serra Negra só procuram o Hospital Santa Rosa de Lima em caso de emergência. O primeiro atendimento é realizado na UBS, exatamente como recomenda a Secretaria de Saúde, mas faltam médicos para a demanda. O novo posto de saúde só deverá ser inaugurado no segundo semestre de 2025.

A segurança também é um ponto crítico e de preocupação dos moradores, em especial com relação aos usuários de drogas vindos de outras localidades, que usam algumas áreas do bairro como ponto de consumo.

Cultura e cidadania

A Associação de Moradores da Nova Serra Negra tem como principal estratégia desenvolver ações culturais e de cidadania. Um dos públicos-alvos são os adolescentes, para os quais está empenhada em oferecer uma série de atividades culturais, comandadas por profissionais voluntários, como nas áreas de teatro, música, Role Playing Game” (RPG -jogo de interpretação de papéis), e caratê, entre outras.

Criar um grupo de mulheres nos moldes dos Clubes de Mães, que acolhem mulheres em situação de vulnerabilidade no centro de São Paulo, também está nos planos da associação. Além de atividades artesanais, culinária e costura, em reuniões semanais, inicialmente, será oferecida alfabetização para moradores que ainda não leem nem escrevem. “É preciso fazer um trabalho de conscientização das pessoas sobre a necessidade do conhecimento e do estudo”, afirmou Dan, se referindo a uma parcela de moradores ainda analfabeta.


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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra



Comentários

  1. A organização dos moradores dos bairros é essencial para pressionar o poder público no sentido de serem atendidas as reivindicações da população. Parabéns.

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