//FERNANDO PESCIOTTA// Educação sem rumo em SP



O governo do Estado sob o extremismo de Tarcísio de Freitas anuncia o uso do ChatGPT para produzir aulas na rede pública de ensino. Uma medida temerária em vários aspectos e só explicável pelo fato de o secretário de Educação, Renato Feder, ser um empresário do setor de tecnologia.

A notícia surgiu no mesmo dia em que Helen Toner, ex-conselheira da OpenAI, usar evento global do setor, nos EUA, para alertar para os riscos da inteligência artificial. Diretora de segurança e tecnologias emergentes da Universidade de Georgetown, ela sugere regulamentação e fiscalização externa.

O uso de IA na rede de ensino público é um grande risco para professores e os 3,5 milhões de alunos. Entre muitas outras razões, por significar a possibilidade de manipulação de dados e ideias, criar um sistema impositivo e indutor por meio de algoritmos.

Por mais que defenda o papel “insubstituível” do professor, o governador sabe que o uso da IA “com parcimônia” terá um papel indutor importante e será um mecanismo para fiscalizar o que está sendo discutido entre professores e alunos.

Sob o argumento da ajuda da IA, o governo do Estado agora obriga os professores a entregarem seis aulas por semana – antes, eram quatro. Isso, porém, pode não significar aumento de produtividade, mas de robotização do professor.

Não é a primeira vez que Tarcísio tenta manipular os alunos da rede pública. No ano passado, tentou impor slides no lugar dos livros didáticos. Cheios de erros, os slides se tornaram um grande fracasso.

Para justificar a decisão de seu secretário-empresário, Tarcísio de Freitas agora diz que o Estado não pode deixar de usar tecnologia por preconceito. Mas não ouvimos ele defender o uso da tecnologia quando seu chefe, o miliciano, vetou verba para que todos os alunos do País tivessem acesso à internet garantido durante a pandemia.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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