//FERNANDO PESCIOTTA// Brasil care(direi)ta



Dados recentes da pesquisa Datafolha mostram que 67% dos brasileiros acham que o porte de droga deve continuar sendo crime, ante 61% no levantamento de 2023. A mesma pesquisa mostra que apenas 6% defendem o direito ao aborto e, pior, 52% dizem que a mulher que interromper a gravidez deve ser presa.

Ainda conforme o Datafolha, a perda de popularidade do presidente Lula é creditada por 14% a um suposto aumento de impostos e por 10%, à política externa.

A síntese desses dados estatísticos é o avanço da caretice estabelecida por movimentos religiosos. São os evangélicos de Malafaia espalhando bobagens para manobrar seu rebanho.

Para essa gente, não é o STF que avalia a possibilidade de descriminalizar a maconha, mas o presidente Lula. Embora seja um movimento que avança em nações como a Alemanha e seja defendido por democratas e até por veículos de comunicação conservadores, é alvo de ódio de lideranças evangélicas brasileiras, que destinam o mesmo ódio ao inexistente apoio do governo ao aborto.

É a mesma manipulação que leva 14% a dizerem que Lula merece desaprovação por aumentar impostos. Com exceção da taxação de super-ricos, nenhum imposto foi aumentado. O que explicaria essa aversão é a proposta de taxar as igrejas, o que fez bispos como Malafaia cuspirem fogo. No quesito “política externa”, a lógica indica a ira de líderes evangélicos contra Lula, aproveitando-se de declarações contra Israel.

Ou seja, o que se vê é um Brasil careta por causa da articulação hipócrita e demagógica de uma direita iletrada. Uma forma de acabar com isso é Lula e seu governo abandonarem a polarização, acabando com o palanque dessa gente.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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