//CARLOS MOTTA// Em Serra Negra, um Carnaval para quem não gosta de Carnaval



Não sou e poucas vezes fui no passado um folião militante. Apesar disso, considero o Carnaval não só a maior festa popular do Brasil como um evento imprescindível para preservar a sanidade mental da população.

Afinal, é no Carnaval que milhões de brasileiros esquecem as mazelas do dia a dia e se revigoram dançando, cantando, pulando, namorando e, por que não, tomando umas.

O Carnaval sempre foi isso - uma formidável explosão de desejos reprimidos, angústias, medos e frustrações que o cotidiano reprime. É a permissão para a alegria se sobrepor à tristeza da vida real.

É também a ocupação do espaço público pelo povo. 

Dito isso, o que falar do "Carnaval Família" de Serra Negra, oficializado pela atual administração?

Há pouco a dizer. Apenas que nos moldes em que foi concebido, cheio de regras e proibições, ele pode ser considerado tudo, menos Carnaval.

É mais que evidente que, se quisesse, o Poder Público local prepararia a cidade para ter um Carnaval autêntico, popular, tradicional. 

A opção, porém, foi essa de promover um anticarnaval, que exclui os mais jovens e os mais pobres - sem transporte público, como voltarão para suas casas terminada a festa? - e que sufoca a espontaneidade.

Há quem apoie a opção que foi feita. 

São aqueles que odeiam o Carnaval verdadeiro. São pessoas para quem a festa popular ou causa transtornos pessoais ou prejuízos financeiros. 

São pessoas que pensam apenas em seu bem-estar, em si próprias, e não no coletivo.

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra




Comentários

  1. Você imputa sua opinião como a de todos, como se quem for a favor dos moldes do Carnaval em Serra Negra seja contra a festa. Você condiona "a maior festa popular do Brasil" ao fato das escolhas da Prefeitura de Serra Negra. Mas Serra Negra dita o que você quer fazer? Triste por você não poder aproveitar a festa porque a prefeitura não fez do jeito que gostaria. Aliás, qual o modelo do seu carnaval? Molecada bebada pelas ruas, músicas de péssima qualidade e turistas fugindo da cidade porque as ruas estariam cheirando mijo?

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    1. Prezado sr. - ou sra. - anônimo: da mesma forma que o sr. - ou sra. - tem todo o direito de gostar do Carnaval de Serra Negra do jeito que foi organizado, eu tenho todo o direito de não gostar. E, da próxima vez que quiser se manifestar neste espaço, se identifique.

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    2. Sua resposta é típica de jornalista quando é confrontado. Foge do tema e esquiva do questionamento.
      - Qual seu modelo de Carnaval?
      - O Sr. é a favor de molecada bebada pelas ruas, músicas de péssima qualidade e turistas fugindo da cidade porque as ruas estariam cheirando mijo?

      Sobre me identificar, uso de sua premissa: se tenho o direito de não o fazer, usarei.

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    3. Sobre seu "direito de não o fazer": as regras deste espaço estão explicitadas em sua "homepage" - "O portal Viva! Serra Negra é um espaço aberto para a comunidade. Os comentários sobre o seu conteúdo (textos, fotos, vídeos) são bem-vindos. Não serão aceitas, porém, manifestações anônimas. Todos os comentários serão moderados. E não serão publicados os que estimulem o preconceito de qualquer espécie, ofendam, injuriem ou difamem quem quer que seja, contenham acusações improcedentes, preguem o ódio ou a violência." Seu "comentário" está sendo publicado por uma, digamos, cortesia dos editores, já que o sr. - ou sra. - não se identificou. Quanto ao meu modelo de Carnaval: é o mesmo que o consagrou como a maior festa popular do Brasil. Milhares de cidades mantêm a tradição do verdadeiro Carnaval. O sr. - ou sra. - também pergunta se sou a favor de "molecada bebada pelas ruas, músicas de péssima qualidade e turistas fugindo da cidade porque as ruas estariam cheirando mijo". Ora, se isso ocorreu em Serra Negra, é porque não foram tomadas providências para evitar que a "molecada" bebesse e para que as pessoas urinassem nas ruas - banheiros químicos são sempre bem-vindos em eventos populares. Quanto às "músicas de péssima qualidade": sigo a Constituição do meu país, que diz que "é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística."

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