//FERNANDO PESCIOTTA// “Meu líder” e o papel das redes sociais



A atuação da Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República e STF para apurar responsabilidades pelo 8 de Janeiro é cômica e idiota ao mesmo tempo. É uma grande gastação de tempo e dinheiro para provar o que todos já sabem. E parte dessa culpa é das plataformas de redes sociais.

O território sem regras ajuda a sacramentar mentiras. Não é à toa que o deputado Carlos Jordy, pego em flagrante, tenha sido tão enfático em dizer que não há nada contra ele. Para os lunáticos que cercam e servem ao miliciano, repetir mentiras basta para virar verdade.

A PF descobriu centenas de mensagens trocadas entre Jordy, líder da oposição na Câmara, e um tal de Carlos Vitor de Carvalho, o CVC, apontado como organizador de paralisações de rodovias após a vitória de Lula e do 8 de Janeiro.

Nas mensagens, CVC chama o deputado de “meu líder” (alusão a mein führer?) e pede orientações sobre os próximos atos terroristas. Jordy responde ao “irmão” que as tarefas serão dadas por telefone. Os diálogos continuaram mesmo quando CVC já era considerado foragido da Justiça, o que incrimina ainda mais sua excelência.

Muito ligado ao miliciano, Jordy tinha autoridade para ordenar os atos golpistas, evidenciando o que todos já sabiam, que é íntima ligação do bolsonarismo com a tentativa de golpe.

As plataformas de redes sociais se negam a mudar para melhor servir. Ou até mudam, para pior. É o caso do WhatsApp, que ao aprimorar as funcionalidades em canais vai facilitar a propagação de desinformação nas eleições deste ano. É o caso de novos recursos de unidirecionamento de mensagens a um número ilimitado de usuários. Além disso, facilitou a ampliação de grupos, potencializando a fábrica de mentiras.

PF, PGR, TSE e STF que se preparem, terão muito mais trabalho.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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