//FERNANDO PESCIOTTA// A dor e a indiferença



O fenômeno talvez não seja tão presente nas cidades menores, mas em grandes centros, como São Paulo, é uma tragédia humana que causa dor e angústia tangibilizados por uma estatística assustadora.

Segundo levantamento do Ipea com base em dados do Cadastro Único (CadÚnico), a população em situação de rua no Brasil aumentou 935,31% nos últimos dez anos. O total foi de 21.934 em 2013 para 227.087 em agosto deste ano.

Entre as causas estão a exclusão econômica – insegurança alimentar, desemprego e déficit habitacional –, ruptura de vínculos familiares e questões de saúde, especialmente a mental, indicam os autores do estudo.

A despeito das indicações técnicas, essa multidão nas ruas é resultado de uma política de fechar os olhos para as mazelas sociais adotada a partir de Michel Temer e profundamente acentuada nos quatro ano do miliciano.

É para fazer frente essa desconstrução da estrutura social que o governo Lula corre para aprovar nesta semana medidas econômicas que impulsionem o crescimento, criem empregos e traga fôlego para investimentos do Estado.

Somente o liberalismo tosco de Paulo Guedes poderia imaginar que o poder público teria de dar as costas a essa gente sofrida. Ou alguém pode imaginar que empresas privadas farão algum movimento para dar dignidade à população em situação de rua?

O problema é que para aprovar as medidas, o governo tem de conviver e convencer gente com quase nenhum escrúpulo. Apoiado por pessoas (?) como ele, o relator do Orçamento, Danilo Forte, por exemplo, passou a incluir jabutis na proposta para forçar a liberação de emendas e favores por parte do governo.

Danilo Forte e sua gangue são os responsáveis pelo avanço dessa população em condições de rua. Ele só faz reforçar o que deve ser a campanha eleitoral daqui pra frente, de prestar atenção em quem votamos para as câmaras legislativas.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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