//MEIO AMBIENTE// Falta política consistente para arborização da cidade, diz ativista

  

Árvores destruídas no Alto da Serra: desmatamento agrava risco de enchentes


Serra Negra vem perdendo diversas espécies de árvores ao longo da última década sem que a prefeitura tenha adotado até agora uma política consistente de arborização das vias públicas. A constatação é da ativista ambiental Iza Bordotti de Carvalho, pós-graduada em recuperação de áreas degradadas e voluntária do Projeto Observando os Rios, da ONG SOS Mata Atlântica.

Iza cita pelo menos quatro casos de árvores derrubadas no centro da cidade nos últimos 12 ou 13 anos e manifesta indignação especial em relação ao desmatamento de um trecho localizado no Alto da Serra, que teria ocorrido depois do feriado de 15 de outubro, e que está sob investigação da Promotoria de Justiça de Serra Negra.

“Deparei com um monte de árvores com quebra de galhos na subida do Alto da Serra e fui em busca de informação”, relata. As árvores destruídas eram arbustos de porte médio de várias espécies comuns em toda a extensão do local. A informação de frequentadores e moradores das imediações foi de que funcionários da Companhia de Força e Luz (CPFL) teriam destruído as árvores.

Uma torre localizada na Fazenda Padre Ângelo teria caído com o temporal do dia 12 de outubro sobre a rede elétrica e rompido a fiação. Funcionários da concessionária teriam destruído as árvores para resolver o problema.

O caso foi denunciado à Promotoria de Justiça de Serra Negra, que informou que encaminhou ofício à Polícia Ambiental "para requisitar a elaboração do auto de infração ambiental”. A Promotoria de Justiça aguarda um retorno.

 Iza avalia que a destruição das árvores era desnecessária uma vez que os funcionários poderiam ter usado um portão de acesso ao local. “As árvores são baixas e não ofenderiam a rede elétrica”, afirma. 

Iza calcula que serão necessários muitos anos para que as árvores destruídas sejam regeneradas. “É inadmissível o que fizeram, em especial nesta época de mudanças climáticas, em que a preservação ambiental é necessária para amenizar os efeitos climáticos”, diz.

Ela lembrou que o desmatamento no Alto da Serra é prejudicial ao meio ambiente e pode contribuir para agravar o risco de enchentes no município. Durante as audiências realizadas pela Câmara Municipal sobre o projeto de lei que renova o Plano Diretor, a Associação Ambientalista Copaíba apresentou um estudo, cuja elaboração contou com a colaboração da ambientalista, com análises e explicações sobre o impacto do desmatamento na cidade e em especial no Alto da Serra.

“É importante preservar o topo de morro, porque são solos rasos, a água demora a infiltrar e as águas ajudam. Se tirar um fragmento de mata, acaba prejudicando o solo e a infiltração da água”, explica.

A ambientalista cita ainda casos antigos de desmatamento na cidade. “Há tempos estamos perdendo vários exemplares de árvores que faziam parte do nosso dia a dia”, diz.

Ela cita como exemplo o ipê roxo que se encontrava no interior do Educandário Nossa Senhora Aparecida e uma outra árvore da mesma espécie, que se localizava ao fundo de um terreno da Rua 24 de Março, além de duas outras árvores sadias que se encontravam na rua Saldanha Marinho e uma na calçada da sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Apesar de algumas iniciativas de plantio de árvores da prefeitura, Iza lamenta a falta de uma política consistente de arborização na cidade. “O que vem sendo feito ultimamente são podas drásticas sem o mínimo cuidado ,que machucam nossas árvores, como essa do Alto da Serra”, afirma.

A ambientalista critica ainda a cimentação de pés de árvores. “Há pouco tempo asfaltaram e fizeram calçadas dos dois lados da estrada das Ruas A, Vicente Tomazelli Padula e RosaMachi Zuanazzi”, exemplifica. 

Os pés dessas árvores foram asfaltados. Iza informa ainda que há um ipê branco em frente ao Lojão Orru que também teve seus pés asfaltados. “Sufocaram a árvore, não dão espaço para que cresça, simplesmente matam", lamenta.

Na avaliação da especialista faltam critérios técnicos para a arborização da cidade. Ela lembrou ainda que recentemente foram criadas a Secretaria de Meio Ambiente e o Conselho de Meio Ambiente, que ainda não saiu do papel. O projeto de lei que renova o Plano Diretor prevê um projeto de arborização que não foi discutido com a população. O projeto de lei ainda tramita na Câmara, embora a expectativa de seu presidente, Wagner Del Buono, o Waguinho do Hospital, era ter aprovado o texto até o mês passado. 



Comentários

  1. Parte 01 de02
    Vereadores deveriam rejeitar o texto do Plano Diretor e priorizar Plano de Mobilidade e Acessibilidade Urbana e o Plano de Arborização Urbana.
    Liberar e incentivar novos loteamentos sem implementar antes melhorias no viário é agravar os problemas já existentes de mobilidade e acessibilidade a curto prazo.
    A cidade hoje já apresenta graves problemas de mobilidade e de acessibilidade urbana que deveriam ser prioridade.
    Além do Concelho Municipal do Meio Ambiente, falta Conselho de Mobilidade e de Acessibilidade Urbana.
    Para piorar pode nascer um super conselho que aniquile todos os demais.
    De qualquer forma Conselhos Municipais não serão eficientes se não se mudar a cultura na cidade.
    Executivo e Legislativo deveriam respeitar e incentivar a participação popular e Conselhos Municiais livres e independentes. Não é isso que observamos.
    Com relação a supressão de árvores some a sua lista mais um caso de 2012. Não podemos esquecer o Bosque do Gurupiá e o pronunciamento do então deputado Ricardo Izar na Câmara Federal: https://ricardoizar.com.br/ricardo-izar/deputado-ricardo-izar-jr-fez-um-pronunciamento-na-camara-federal-dos-deputados-manifestando-seu-repudio-ao-caso-do-desmatamento-na-cidade-de-serra-negra/
    Num dos trechos fala: “Há menos de um mês, o prefeito Antonio Luigi Ítalo Franchi autorizou o corte de aproximadamente 100 árvores exóticas e centenárias, como pinos e figueiras, sob o pretexto do progresso a todo custo, numa demonstração clara de irresponsabilidade e descaso.”
    Qual progresso?
    Com relação ao Alto da Serra é visível que falta um projeto de uso e de ocupação mais amplo que considere questões ambientais e impactos na vizinhança. Por enquanto o que vemos é uma grande praça de alimentação e um grande pátio de estacionamento.
    Iza, quando estivemos lá no dia 24/10/2023 a estrada encontrava-se em péssima condição.
    Algum tipo de revestimento precisa ser adotado para melhorar a segurança e minimizar as erosões. Estava tão ruim que que você preferiu deixar a moto e seguir caminhando, não é verdade?
    Eu subi de moto e, quando se vai de moto, sente-se com maior intensidade as erosões e as escorregadas. Aquela estrada precisa de um revestimento. Qualquer tipo de revestimento é melhor do que o piso atual.
    Hoje, a estrada é erosão, valeta, pontas de rocha (quartzito), areia solta, pedra solta, não tem drenagem adequada e sobra poeira.
    O Alto da Serra merece um projeto de implantação mais amigável e mais sustentável, incluindo, uma estrada com um pavimento e drenagem, seja asfalto (mais barato), seja de concreto (mais caro), seja concreto poroso (muito mais caro) que devido a declividade não sei qual seria a eficiência e durabilidade. Qualquer pavimento sempre associado a boa drenagem e poços de infiltração e, com já tenho sugerido faz tempo, nos finais de semana e feriados proibir o acesso de automóveis e motocicletas.
    Também andamos por caminhos curtos no meio da vegetação existente nas bordas do platô e vimos muitos resíduos como tampinhas de garrafas, copos plásticos, latinhas, etc que aponta para o uso do local como questionável. Vimos também a areia carreada do platô como prova cabal de que a erosão é prejudicial ao meio.
    Quanto aos resíduos, faltam muitas lixeiras comuns e de recicláveis, principalmente nas áreas mais afastadas dos containers e até ao longo da estrada para quem vai a pé ou de bike. Ao longo da estrada faltam pontos de descanso com bebedouros, sombras, patamares, bancos e onde possível mirantes pequenos rústicos (de madeira e não de vidro).
    Portanto, continuo achando que falta um projeto para o local que leve em consideração a montanha, a vista e, o uso para o voo livre e outras atividades ao ar livre como "trekking", arborismo (?), trilhas alternativas, etc.
    O acesso através da Rua Paulo Marchi também precisa ser avaliado enquanto há espaço de um dos lados para uma eventual adequação da via e também de forma a não prejudicar o tráfego local e os usuários que seguem para o Barrocão ou o bairro dos Godoi.

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  2. Parte 02 de02
    Com relação a torre, parece que ocorreu uma ruptura estrutural já que apenas a parte superior veio ao chão o que pode sugerir problema de manutenção.
    Com relação ao corte da vegetação sob a fiação, parece ter sido exagerada. Mas essa supressão suscita outra questão. Será que no alto da Serra e Entorno a fiação não deveria ser enterrada?
    Com relação à poda, também já foi falado. Na minha opinião a Prefeitura emprega uma ferramenta inadequada para a poda de arbustos mais lenhosos. Aqui na rua também passam uma roçadeira acoplada a um tratou que realmente machuca muito as árvores. Essa ferramenta é muito usada para o corte de vegetação rasteira às margens de estradas e não para pode de arvores e arbustos lenhosos.
    Com relação ao “sufocamento” das árvores por concreto ou asfalto é realmente um absurdo, mas ainda dá tempo para corrigir. Comunique a prefeitura através do eouve para dar uma solução para o caso. Tem foto para mostrar?

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