//FERNANDO PESCIOTTA// Parlamentarismo à brasileira



Há algum tempo analistas chamam atenção para o enfraquecimento do Executivo ante o avanço do Congresso, num movimento que começou na década passada e ganhou força com o miliciano, que era fraquíssimo, embora quisesse ser ditador.

Antes mesmo de assumir seu terceiro mandato, o presidente Lula reconheceu que desta vez precisava contar com maior apoio parlamentar, pois o movimento político mudara a composição de forças.

Nas últimas semanas, parlamentares têm demonstrado que Lula tinha razão ao assaltarem os sofres públicos.

O relator da lei que define o Orçamento de 2024, Danilo Forte, confirmou a inclusão de um cronograma para pagamento obrigatório de emendas parlamentares pelo governo, num total de R$ 37,6 bilhões. Suas excelências querem comprar votos em seus currais com dinheiro público.

Cara de pau, Danilo Forte, que é do centrão no Rio de Janeiro, o que motiva desconfianças, diz que a falta de um cronograma de pagamento dessas emendas é que provoca o toma lá dá cá antes das votações importantes para o Planalto.

No Senado, o líder do governo, Jaques Wagner, liga o sinal de alerta máximo para a possibilidade de votação “em breve” da PEC que recria o quinquênio para juízes e procuradores. A proposta é de adicional de 5% do salário a cada cinco anos, no limite de 35%. O impacto nas contas públicas será “estratosférico”, diz Wagner.

Suas excelências querem comprar a boa vontade de juízes com dinheiro público.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, planeja também impor limites à atuação do STF, acabando com decisões monocráticas de ministros da Corte. Mas nega “retaliação”.

Fica a lição reforçada: votar em deputado e senador é a cada dia mais importante. Não podemos fazer más escolhas achando que um mau parlamentar não fará diferença num colégio com 594 pessoas.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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