//FERNANDO PESCIOTTA// O constrangimento de Haddad

Marcelo Camargo/Agência Brasil



Não é fácil fazer uma análise imediata das declarações do presidente Lula. Nunca se sabe ao certo os endereços de suas falas. O que se comenta, porém, é que Lula está mais impaciente do que em seus dois primeiros mandatos e, por isso, sua intuição tem falhado.

Ao que parece à primeira vista, pode ser o caso da mais recente polêmica envolvendo o presidente. No dia do seu aniversário, ele convidou vários jornalistas para um café da manhã e desancou a meta de zerar o déficit público em 2024. Não quer começar o ano tendo de cortar gastos e investimentos em obras públicas.

Pode até fazer algum sentido. Do ponto de vista político, pode parecer um recado à base aliada no Congresso, de forma a se entender que haverá recursos para atender às suas demandas. E pode ter ainda mais lógica para as bases sociais, para se manterem mobilizadas.

Tudo certo, quem tem voto é Lula e cabe a ele definir o que será do seu governo. O problema é a falta de combinação com a área econômica.

O ministro Fernando Haddad, um dos mais leais servidores de Lula, que dia sim outro também estava com ele na prisão em Curitiba e topou uma candidatura a presidente apenas para marcar a posição do então líder preso pela Lava Jato, tem se esforçado para angariar apoio às medidas econômicas visando o equilíbrio das contas públicas.

Haddad tem sido um leão atrás de recursos, e não merecia esse tombo planejado pela área política do governo. No mínimo deveria estar ao lado do presidente, para arrematar alguma palavra que não parecesse que estavam lhe cortando as pernas.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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