//Ó Velha Negra// Desprejo



 Lucas Campos Patrício 

Macumbêra mãe de santo. Bôa macumba. Acarajé Oxalá Deus nos acuda. Reza pra Iemanjá curá. Pra santo e caboclo salvá. Brasilzão bão, sô. Várias riquêza vários B.O. Várias onça. Grana. Engana. Bolso vazio. Geladeiras cheias. Barriga crua de vazia. Várias luta, várias Lua. Vários verso nenhum acesso. Muita prosa e nada. Vários teto. Cheio de vazio. Gente sem teto que dorme na Lua procurando casa. 

Fui despejado. A casa vai sê palco de teatro burguês. Vai tê máquina nespresso e café digital. Eles vai cuida de gente que tem dinheiro pra se cuidar.

To procurando casa. Alguém tem pra indicar?

Édificio enganar quem acredita. As casa especula, sé loco. O país dos bolsos pardos. Várias onça no malote. Ando sem cueca memo. A burguesia sobe de jato e o combustível é preto farto. Gera fumaça. Alvoroço. Comoção das braba na rua.

No beabá dessas velhas letras a caneta vai riscando com autoridade um novo decreto. Mais um!

Eentre dobraduras e costuras de crochê sobre papelão. Sobra papelão. Muita gente indigente. Tá faltando. Alguém se ausentou. Quem?

EU FUI DESPEJADO! E agora to chorando. Minhas filhas também. Vários sonhos que tão aê, vagando. Esperando. É uma bala, uma oportunidade. Esperança no gatilho. E pumba! Receba.

Quem tem boca vaia. Romano anda. Plebe fudida! Luta, Lua Luta. Sua Luta.

Minha Resistência à mim.

À igual resiste teu teto.

O interior é o lar. A arma é o dialeto.

Acalma que o povo cura.

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Lucas Campos Patrício é arquiteto urbanista e empreendedor.

Contato: lucascampospatricio@gmail.com

(47) 988935377



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