//FERNANDO PESCIOTTA// Do Haiti ao Rio de Janeiro

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil



A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro em 2018, no governo do nefasto Michel Temer, sempre esteve envolta a polêmicas e suspeitas. Foi sob o comando do general Braga Netto (foto) que ninguém ficou sabendo quem matou Marielle Franco, descoberta possível após sua saída do cargo.

Agora a Polícia Federal, provocada por investigações do exterior, aperta o cerco sobre o ambicioso general Braga Netto, que foi candidato a vice com o miliciano em 2022.

A partir de suspeitas envolvendo a CTU Security, que estaria envolvida no assassinato de Jovenel Moise, então presidente do Haiti, país que teve os militares brasileiros no comando por muitos anos, a PF apura superfaturamento de R$ 4,6 milhões na compra de coletes balísticos sem licitação na gestão de Braga Netto no Rio de Janeiro. Depois, quando era ministro da Casa Civil, Braga Netto continuou recebendo esses lobistas em seu gabinete.

À época, o general pediu pessoalmente ao TCU a dispensa de licitação na compra dos coletes, com alegações para lá de contestáveis. Escaldado, o tribunal ficou de olho no negócio e acabou suspendendo a compra efetivada no dia 31 de janeiro de 2018, aos 48 minutos do segundo tempo da intervenção, numa operação de R$ 40,6 milhões que beneficiaria a CTU Security.

Os investigadores apontam outras compras suspeitas feitas pelo general, de itens como presunto de Parma, camarões, mel e vinhos, importantes, como se vê, para enfrentar o crime organizado pela milícia.

Os policiais apresentaram gravações nas quais um lobista diz que “o número dois do Exército está do nosso lado”, em alusão a Braga Netto.

É mais um caso a comprovar que a atuação dos militares na gestão pública é um retumbante fracasso, com fortes indícios de corrupção e notória incompetência.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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