//FERNANDO PESCIOTTA// Chacina, o recado do governador



Para deleite da classe média paulista, a Polícia Militar matou dez pessoas numa ação na comunidade de Vila Zilda, no Guarujá. A Ouvidoria apura a morte de outras nove pessoas, o que transforma a “operação” em uma das maiores chacinas da história policial do Estado.

A PM usou 300 soldados na ação, o que incluiu grande contingente enviado da capital.

Na verdade, não se trata de uma ação policial para prender um acusado de tráfico de drogas ligado ao PCC. Trata-se de uma vingança da polícia pela morte de um PM na véspera.

A OAB-SP exige uma apuração profunda do caso e aponta a morte de pessoas que nada tinham a ver com o tráfico e sem nenhuma ligação com organizações criminosas. Para a entidade, há sinais de matança e não de operação policial.

O governador Tarcísio de Freitas aproveitou a chacina para deixar claro qual é sua política de segurança pública: matar o máximo possível. Em vez de recorrer à cautela e à responsabilidade como requer a um chefe de Estado numa situação assim, o governador se disse “extremamente satisfeito” com a matança.

A partir da chacina no Guarujá, está dada a senha para a polícia paulista intensificar o esquadrão da morte que vive latente dentro dela. Até que, como registra a longa história de assassinatos da PM, começar a aparecer cadáveres da classe média.

O Brasil se livrou do miliciano no Planalto, mas São Paulo colocou outro no Palácio dos Bandeirantes. Parabéns.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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