//FERNANDO PESCIOTTA// Senhor da razão



No auge do processo de impeachment de Fernando Collor, em 1992, o então ainda presidente cunhou uma frase que ficaria marcada na história política brasileira. “O tempo é o senhor da razão”, disse profeticamente, dias antes de ser guilhotinado.

A frase ficou tão vinculada ao afastamento de Collor e estigmatizada no universo político que raramente alguém a repete. Ela está servindo agora para a Lava Jato, por exemplo. Com o tempo, mais podres vêm à tona.

Depois dos vazamentos de conversas feitos pelo Intercept que levaram o STF a declarar a suspeição do juiz e provocar a recuperação de Lula, o atrevimento dos integrantes da então “força-tarefa” na esfera política está ajudando a trazer à tona mais revelações de suas irregularidades.

Vendo a forma infantil e mimada como Deltan Dallagnol reage à cassação de mandato de deputado, o empresário Tony Garcia se viu no direito de contar mais detalhes de como agia a gangue do Paraná.

Ele diz ter sido “agente infiltrado” de Sergio Moro e foi obrigado a gravar pessoas após fazer acordo de delação premiada em 2004. Diz, ainda, que informou os fatos à juíza Gabriela Hardt, conhecida como copia e cola, ou CtrlC+CtrlV, mas ela lhe devolveu uma banana.

O tempo também deve se mostrar o senhor da razão no dia 21. Essa é a data marcada pelo ministro Alexandre de Moraes, como presidente do TSE, para o julgamento do miliciano, que deverá ficar inelegível.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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