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Ainda não se sabe o que exatamente o levou a isso, mas o atual comandante da Americanas apresentou à CPI que investiga o escândalo financeiro da empresa uma artilharia para lá de pesada contra a antiga direção da companhia. Não faltaram torpedos também contra bancos e empresas de auditoria, expondo um mundo corporativo frio, sujo, corrupto.
Não chama muito a atenção da mídia, mas Leonardo Coelho Pereira usou uma estratégia de comunicação. Logo pela manhã, a empresa comunicou que advogados contratados constataram fraude na gestão anterior. Logo depois, sentado à frente dos parlamentares, Pereira confirmou que as “inconsistências” tinham virado “fraude”.
O que Pereira expõe é um universo empresarial sem nenhuma moral para apontar o dedo contra ninguém, nem para políticos. O que ele relata são muitos executivos envolvidos em roubalheira grossa.
Conforme o relatório da assessoria jurídica da recuperação judicial da Americanas, a antiga diretoria fingia que contratava serviços e produtos de fornecedores com descontos que na prática não existiam. Com isso, inflavam o balanço e com ele buscavam crédito nos bancos. O rombo de R$ 20 bilhões agora gira em torno de R$ 50 bilhões. Sim, R$ 50 bilhões!
Pereira disse à CPI que tanto os bancos Itaú Unibanco e Santander quanto as empresas de consultoria PwC e KPMG, gigantes do setor, sabiam das fraudes e se lambuzaram com elas. Disse apoiar-se na descoberta de troca de e-mails e outras mensagens para fazer as acusações.
É essa gente de “mercado” que se vê no direito de definir, com ações financeiras de impacto no conjunto da sociedade, quem pode estar no poder de um país.
Pode até ser que alguém vá para a cadeia por causa dessas fraudes, mas esse escândalo vai passar e o tal mercado continuará querendo controlar o poder político para manter seus esquemas. Essa gente posa de grã-fina, mas cheira muito mal.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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