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Mesmo abaixo da expectativa de analistas, o IPCA voltou a desacelerar em abril, caindo de 0,71% no mês anterior para 0,61%. Economistas consultados pela agência Bloomberg esperavam inflação de 0,55%.
Com isso, o IPCA acumulado em 12 meses desacelerou para 4,18%, o menor nível desde outubro de 2020, ante 4,65% no acumulado até março. A meta de inflação é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto (4,75%).
Apesar do fim da desoneração dos combustíveis, há economistas que apostam num IPCA convergindo para 4%, o que elevaria ainda mais as críticas contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para reduzir a agiotagem dos juros básicos sob sua gestão.
O jornal Valor Econômico, porém, dá vazão a interesses de uma manada do mercado financeiro. Segundo o jornal, há economistas de bancos e outras instituições do ramo considerando que uns tais núcleos monitorados pelo BC, sem citar quais, tiveram alta de 0,51%, ante 0,37% em março, o que sustentaria o “conservadorismo” do BC na gestão dos juros.
É evidente que grupos do mercado financeiro – hoje, ao menos já não são todos – agem para dar sustentação ao presidente do BC. Andam juntos em decisões políticas contra o presidente Lula e tentam dar uma roupagem técnica a essas atitudes.
O mesmo pode-se dizer sobre o comportamento da Folha ao tratar do arcabouço fiscal.
Ao mesmo tempo em que diz que a proposta de Fernando Haddad pode tornar inviável o aumento real do salário mínimo, o jornal assegura que o salário mínimo pode tornar inviável o arcabouço fiscal.
Constrói, ou tenta construir, um cenário para atrair críticas e a oposição de grupos políticos do governo contra Haddad e, em última instância, contra Lula. Um velho professor diria que o jornal é pródigo em tentar criar cizânia.
A pressão contra Lula é flagrante. O ombudsman da Folha reconhece isso em sua coluna dominical, lembrando que o risco autoritário continua vivo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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