//FERNANDO PESCIOTTA// Igreja, polícia e o controle da situação



A ameaça golpista e as pretensões da extrema-direita não se dissiparam com a fracassada tentativa do 8 de Janeiro. Estão latentes, sendo trabalhadas longe dos holofotes da mídia por sabujos das milícias, por extremistas e reacionários.

Revelações do Intercept Brasil mostram movimentos assustadores num Brasil profundo que fica aqui do nosso lado. Segundo a reportagem de Gilberto Nascimento e Tatiana Dias, a Igreja Universal está doutrinando policiais militares em todo o País.

Um exemplo citado é o “momento de reflexão” organizado em dois dias no templo da igreja no bairro paulistano da Lapa. Diante de quem quisesse ver, centenas de viaturas da PM estacionaram em frente ao templo, cujo estacionamento estava “abarrotado” de carros da polícia. Mil soldados fardados participavam do programa Universal nas Forças Policiais.

Os encontros com PMs, bombeiros e agentes da Polícia Federal e até do Exército e Aeronáutica estão acontecendo em pelo menos 24 Estados.

Essa é apenas uma, embora a mais grave, demonstração de que a conjuntura não é a mesma de quando Lula assumiu o poder pela primeira vez, em 2003. O Brasil e o mundo mudaram, em parte, inclusive, graças às suas gestões anteriores.

Lula não pode dar sopa para o azar. Não se discute o conteúdo, se certo ou errado. Concordemos ou não, a declaração sobre o regime venezuelano foi desnecessária. Pregou para convertidos, reforçou divisões internas e atraiu críticas de apoiadores.

Enquanto isso, acumula derrotas no Congresso. A aprovação do Marco Temporal na Câmara é apenas mais uma demonstração de que o governo corre riscos com esse bando que tomou o parlamento de assalto.

Além de melhorar a articulação política, é necessário ter prudência nos discursos, sob pena de perder o controle da situação.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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