//FERNANDO PESCIOTTA// Ambiente, petróleo e o dilema político



Em meio a um embate interno com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o senador Randolfe Rodrigues anunciou sua saída do Rede, mas ainda sem indicar seu novo partido.

O senador transitava por uma disputa interna na legenda, travada entre Marina Silva e Heloisa Helena. A ruptura, porém, não é bem por isso.

Líder do governo no Congresso e integrante da linha de frente da campanha presidencial de Lula desde a primeira hora, Randolfe defende o projeto de exploração de petróleo na foz do Amazonas, negada pelo Ibama, que está na estrutura do ministério de Marina.

A Petrobras, o Ministério de Minas e Energia e setores do governo defendem a ideia de exploração de petróleo na região, mesmo que o discurso do presidente Lula no cenário internacional privilegie a proteção da Amazônia.

Neste final de semana, Lula tem ao menos nove encontros bilaterais já conformados antes da reunião do G7, que começa dia 19 no Japão. Nessas conversas, Lula tem sido cobrado por ações de preservação ambiental, especialmente na Amazônia. E pede dinheiro para isso. Segundo o presidente, o País precisa de R$ 20 bilhões para desenvolver um projeto sustentável de preservação ambiental na região.

Acrescente-se que a maior previsão de entrada de recursos no País nos próximos anos é para a economia verde, num momento em que as empresas petrolíferas que não fazem a migração para fontes renováveis de energia são alvo de duras críticas e até boicotes.

Nesse cenário, por mais que a Petrobras e os interesses econômicos digam que explorar petróleo na Amazônia é seguro, a contradição será flagrante, com duros prejuízos políticos e de imagem para Lula e seu governo.

----------------------------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


Comentários