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No mesmo dia em que no final da noite pôde comemorar a aprovação do projeto de novo marco fiscal na Câmara, o governo teve de conviver com decisões esdrúxulas de um tal deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL).
Relator da medida provisória que reorganiza os ministérios na gestão Lula, ele fez várias mudanças na estrutura das pastas, alterando até funções de servidores e ministros.
O Coaf, por exemplo, deixa o Ministério da Fazenda e volta ao Banco Central. A política de preços agrícolas sai do Desenvolvimento Agrário e vai para a Agricultura. Mais estapafúrdia é a migração da demarcação de terras indígenas do Ministério dos Povos Indígenas para o da Justiça.
Para o parlamentar candidato a titular de picadeiro, o Ministério do Meio Ambiente deve ser esvaziado, perdendo o Cadastro Ambiental Rural para o Ministério da Gestão e a Agência Nacional de Águas (ANA), para o Ministério do Desenvolvimento Regional.
Mas foi a previsão de fim da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), cuja estrutura seria rachada e parte dela transferida para o Ministérios das Cidades, controlado pelo seu MDB, a gota d’água que motivou o adiamento da votação do texto na comissão da Câmara.
O parlamentar, que busca aparecer no cenário nacional, não deu muitas explicações da sua falta de lógica. Para analistas, ele opera um movimento que visa desestabilizar o governo.
Outro recado foi dado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Após a vitória do governo por 372 votos a 108 e uma abstenção na aprovação do arcabouço fiscal, ele disse que o placar não significa o tamanho da base do governo. Além disso, houve mudanças de última hora que vão restringir gastos do governo em 2024.
Com ou sem razão para o comércio explícito imposto por parlamentares, movimentos de desestabilização precisam ser contidos com uma melhora na articulação política do governo.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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