//FERNANDO PESCIOTTA// Inflação desacelera. E agora, BC?



O IPCA-15 de abril, considerado uma prévia da inflação, desacelerou pelo segundo mês seguido, para 0,57%, o menor nível desde outubro de 2020 – em março, foi de 0,69%.

A inflação acumulada em 12 meses cai para 4,16%, a menor desde janeiro de 2021 e abaixo do teto da meta do Banco Central, de 4,75%.

O indicador era aguardado no mercado financeiro porque pode influenciar a decisão a ser anunciada na semana que vem pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central sobre a taxa básica de juros.

Para analistas de mercado, que têm adotado uma postura politizada, os dados não são suficientes para sustentar a queda dos juros porque ainda há preços em níveis sensíveis.

O jornalista e economista José Paulo Kupfer, porém, lembra que o IPCA-15 ficou novamente abaixo da expectativa dos analistas, que esperavam 0,62%, num nível que sustenta uma decisão técnica de redução dos juros.

O BC tem adotado a tática de dizer que suas decisões “técnicas” se baseiam na projeção da inflação futura. Se esconde, assim, em dados coletados com economistas do próprio mercado financeiro, matéria-prima do chamado boletim Focus, divulgado às segundas-feiras pelo BC.

O problema é que esse boletim Focus pode estar superestimando as perspectivas da inflação, o que não seria nada inédito. No início de 2022, as projeções do Focus para o fechamento do ano eram de 5,03%, depois foram aumentadas para 8,9% e o ano terminou com inflação real de 5,8%.

O que se vê é um BC aparelhado, analistas de mercado comprometidos e uma mídia enviesada nas análises sobre os juros. No fundo, a repetição de um discurso em defesa de decisões técnicas não passa de subterfúgio para um comportamento político.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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