//FERNANDO PESCIOTTA// A culpa é nossa



Nesta quinta-feira (27), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou no plenário do Senado de um debate intitulado “Juros, Inflação e Crescimento”.

Ele evidenciou que dará de ombros para a aflição de empresários, do governo, de 99% da população e até de banqueiros e manterá os juros em 13,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária na próxima semana.

Sentado ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nitidamente nervoso, com voz ofegante, leu um discurso no qual tentava sustentar a tese de comportamento técnico, buscou dar lições de moral e explicitou sua arrogância.

Entre repetições de mantras, trouxe uma novidade: a culpa dos juros altos é nossa. Ele disse que o nível de endividamento do brasileiro é elevado para o padrão de países em desenvolvimento (não se fala mais assim há pelo menos 20 anos. A denominação correta é emergente).

“Não podemos confundir causa e efeito. A dívida não é alta porque os juros são altos. É o contrário, o juro é alto porque a dívida é alta”, afirmou.

“Quando você, endividado, vai ao banco e o banco faz uma análise que você é endividado e não paga a dívida, o juro é alto”, acrescentou.

Assim caminha o Banco Central sob Roberto Campos Neto, com gente do mercado financeiro passando pano. Seu nervosismo num recinto político é sintomático. Cercado de políticos, achava que não enganaria ninguém com sua malandragem macabra de acobertar um comportamento político apelando para um discurso “técnico”.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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