//FERNANDO PESCIOTTA// Apenas o começo

Marcelo Camargo/Agência Brasil



O presidente Lula comemora nesta segunda-feira os cem dias de governo. Há análises para todos os gostos, que obedecem os interesses de quem as publica. De forma geral, porém, prevalece uma visão mais positiva do que negativa desse período.

Mesmo segmentos tradicionalmente refratários ao PT, como os agentes do mercado financeiro alocados na Avenida Faria Lima, enxergam avanços na gestão de Lula, em boa parte devido aos esforços do ministro Fernando Haddad.

Embora vejam “ruídos” nas cobranças públicas de juros mais reais e menos politizados, os gestores financeiros consideram positivas as iniciativas na área econômica até aqui, especialmente na antecipação de proposta de arcabouço fiscal, cujo conteúdo também agradou.

O sociólogo Sérgio Abranches, historicamente simpatizante dos governos do PSDB, diz no jornal Valor Econômico que a principal novidade nos cem dias do terceiro governo Lula é a tentativa de combinar as políticas sociais que o PT sempre defendeu com um ajuste fiscal desta vez criado e defendido pelos próprios petistas.

Criador do conceito de presidencialismo de coalizão, Abranches avalia que a governabilidade ficou muito mais difícil após a implosão do modelo de disputa de partidos âncoras, PT e PSDB. Mas reconhece que Lula está sabendo se adaptar ao novo “ecossistema político”, agora povoado por um número maior de partidos médios, Centrão anabolizado e concentração maior de poder nas mãos dos presidentes da Câmara e do Senado.

Nesses cem dias de governo, Lula priorizou os mais pobres, relançando programas sociais. O próximo passo é se aproximar da classe média. Entre outras iniciativas, para tanto, o governo quer baixar os juros do cartão de crédito e adotar condições especiais nos empréstimos bancários, além de avaliar um programa para a venda de carros a preços mais competitivos.

Com isso, o governo acha que pode reaquecer a economia aumentando o poder de compra de uma parcela da sociedade historicamente refratária ao PT.

A principal marca de Lula nesses cem dias, porém, é a democracia. Sem ele o País já estaria entregue aos nazistas. A sociedade brasileira ficará devendo isso a Lula por décadas.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com


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