//FERNANDO PESCIOTTA// Morte na escola



Nada é por acaso e não há possibilidade de uma ação violenta não ser fruto de desajustes e de uma conjuntura que a incentivou.

O ataque de um adolescente de 13 anos (o ECA classifica como criança quem tem até 12 anos incompletos e adolescentes de 12 a 18 anos) a colegas e professores, a facadas, levando à morte uma pedagoga de 71 anos, é um ato bárbaro que merece reflexões.

Ainda não se sabe a motivação, mas algumas coisas não precisam de revelações bombásticas para ficarem claras. O menino tinha comportamento estranho para sua idade, o que deveria ter merecido atenção e cuidados especiais.

Assim como todos nós, o rapaz vive num ambiente propício à violência. Além de games, filmes e de uma sociedade doente, o País teve nos últimos quatro anos um comando ainda mais demente, psicopata, misógino, machista e que incentivou abusos e violência desmedidamente.

O caso da Vila Sônia é revelador da necessidade de aperfeiçoamento constante do sistema. O menino planejou o ataque em outra escola, foi transferido, manteve seu objetivo, deixou evidente que precisava de ajuda e ninguém ouviu seu pedido desesperadamente silencioso.

Secretários de Estado, para justificar a existência de uma suposta inteligência do poder público, dizem que a polícia já sabia, ao monitorar trocas de mensagens e redes sociais, que alguma coisa aconteceria, mas não deu tempo de evitar a tragédia.

Professores mal pagos e mal preparados para situações anômalas, falta de profissionais prontos para atendimento e orientação psicológica, ausência de uma estrutura familiar adequada são prova de que o País tem muito a avançar na educação. Prova que interromper um processo, como fizemos em 2016 e reforçamos em 2018, pode custar muito caro para toda a sociedade.

Enquanto votarmos pensando apenas nos nossos interesses individuais e negligenciarmos as reais necessidades do conjunto da sociedade, vamos viver de solavancos e espasmos.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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