//SAÚDE// Disputa política pode levar ao fechamento do Hospital Santa Rosa de Lima



A prefeitura planeja assumir de forma definitiva a administração do pronto-socorro e terceirizar os serviços do centro cirúrgico e de internação do Hospital Santa Rosa de Lima. O plano será executado caso a chapa encabeçada pelo atual provedor, Renato Cazzoto, apoiada pelo prefeito Elmir Chedid, seja derrotada na eleição, em abril, para a renovação da diretoria da instituição.

A estratégia, no entanto, pode levar ao fechamento do hospital, admitiu o secretário municipal de Saúde, Ricardo Minosso, na reunião do Conselho Municipal de Saúde, realizada no dia 30 de janeiro. Mas ainda assim, na sua opinião, essa seria a  melhor alternativa da prefeitura para garantir o atendimento de urgência e emergência à população.  

"Ninguém quer que o hospital feche, mas dependendo do que acontecer nas eleições, nós já estamos trabalhando com a possibilidade de a prefeitura assumir o pronto-socorro, todo o RH, enfermagem, recepção, médico, tudo dentro daquele espaço que foi cedido para uso por dez anos", explicou. "É ruim porque o hospital vai quebrar e fechar em 30 dias", disse Minosso.

A prefeitura já obteve, no ano passado, da Associação Santa Casa de Misericórdia de Serra Negra, a concessão por dez anos do espaço ocupado pelo pronto-socorro. A prefeitura pretende revitalizar essa área e para tanto deverá encaminhar  à Câmara Municipal um projeto de lei que prevê o investimento de cerca de R$ 400 mil na reforma.

O secretário lembrou que a prefeitura vinha costurando desde o ano passado um plano para definir um novo perfil para o Hospital Santa Rosa de Lima, mas os trabalhos foram interrompidos devido à disputa pela direção da instituição, envolvendo integrantes do grupo político da oposição, ligados a Marco Bueno, candidato derrotado nas eleições municipais de 2020, e representantes de empresas que já administraram o hospital.

"O município tem interesse que a Santa Casa cresça e a gente, pelo menos eu, não vejo com bons olhos o movimento político que está tendo do outro lado, que é um movimento de pessoas que já estiveram ali", afirmou o secretário. Na sua avaliação, o grupo que tenta retomar a direção do Santa Rosa de Lima não obteve resultados financeiros e qualitativos positivos quando o hospital estava sob seu comando. O secretário disse temer não conseguir compactuar com o grupo político adversário.  

"Quando estavam lá ninguém viu o resultado", afirmou comparando a administração atual com a anterior. Minosso disse que agora a administração é feita com transparência e que todos os dados financeiros podem ser acessados por quem estiver interessado nas informações.

"Se você quiser saber qualquer número da Santa Casa, seja financeiro ou de produção, vai ver tudo transparente lá. Os dados já foram apresentados na Câmara Municipal, na promotoria, e houve uma profissionalização da coisa", salientou. Nas administrações anteriores era impossível, ele avalia, obter relatórios de produção e financeiro.

Minosso disse que agora há um bom relacionamento entre a direção do hospital e a Secretaria Municipal de Saúde, embora não tenha ainda conseguido obter os resultados desejados. Isso seria alcançado com o novo plano de trabalho que estava sendo elaborado e que previa mudanças, em especial no atendimento das especialidades médicas.

Apesar das incertezas provocadas pelas eleições em abril, o secretário vai adotar pelo menos duas medidas que estavam previstas para melhorar o atendimento: oferecer o serviço de pediatria no pronto-socorro e introduzir profissionais de enfermagem da secretaria ou terceirizados pela administração municipal para o pronto-socorro.

Essas duas mudanças devem ser adotadas a partir de março com vigência de apenas 60 dias. A partir do fim de maio, no entanto, o destino do hospital vai depender do resultado das eleições de abril.


 

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