//NOTAS SERRANAS// O que você precisa saber sobre a sua cidade

         


Faturamento estável

As vendas do comércio nos quatro dias de Carnaval ficaram na média registrada pelos lojistas em anos anteriores à pandemia, indicam relatos de comerciantes ouvidos pelo Viva! Serra Negra. Sábado e domingo foram os melhores dias de vendas. Segunda-feira, considerado dia útil, o faturamento ficou abaixo das expectativas, apesar do movimento de turistas nas ruas. Na terça-feira de Carnaval os visitantes começavam a deixar a cidade. Bares e restaurantes faturaram mais durante o dia. O movimento à noite foi mais fraco e alguns estabelecimentos já estavam fechados por volta das 23 horas. 
 
Juros altos

Com ou sem folia, o nível de faturamento das lojas na cidade segue a tendência da atividade econômica no país, que ainda está lenta, na expectativa de redução da taxa de juros, mantida pelo Banco Central em 13,75%. Juros tão elevados tornam inviáveis a oferta de crédito necessária para a retomada dos negócios. As vendas de Carnaval sinalizam que o movimento de inverno depende mais do cenário nacional do que da programação local, que no feriado de Carnaval dividiu a opinião de moradores e turistas.

Polêmica carnavalesca

O Carnaval da família e das marchinhas dividiu a opinião da população de Serra Negra e também a dos turistas. Para uma parte, faltou o espírito carnavalesco das danças, dos blocos, das escolas de samba, da fantasia e do povo nas ruas. Para a outra, sobraram tranquilidade, diversão para as crianças e idosos, e em especial faturamento para o comércio e a rede hoteleira.

Embate nas redes

O Carnaval sombrio de Serra Negra recebeu críticas em especial de jovens, pais de adolescentes, apreciadores da maior festa popular do país e também de turistas. Nas primeiras postagens, já era possível perceber o descontentamento de parte da população. "Enquanto isso os moradores estão indo curtir o verdadeiro carnaval nas cidades vizinhas", disse uma moradora. "Só para turistas", afirmou outra.
 
Drama da juventude

O comentário na página da prefeitura no Facebook de uma jovem moradora resumiu o drama de pais e filhos. "O medo de ir pra outra cidade toma conta da gente (falo isso pq faço parte dos jovens) e sei que o Kurt talvez vá pra outra cidade e te preocupa mais ainda por ser mãe. Estou evitando sair da cidade, a gente tá fazendo em casa de amigos e depois prefeito vem pedir voto prometendo que vai ter coisas para nós, não estamos explodindo por causa do Carnaval, mas sim uma coisa que não temos há anos, espero que um dia mude e os jovens não queiram sair da cidade pra se divertir ou viver aqui."
 
Turistas descontentes

"Estou hospedado em Serra Negra e pela ausência do carnaval como era antes na cidade viemos para Amparo", disse um turista em uma postagem da prefeitura no Instagram que informa que os estabelecimentos comerciais de todos os segmentos aprovaram o Carnaval da cidade. "Bem sem graça, mas foi a opção da vez", disse uma turista. "Pretendo não voltar à Serra! É Carnaval?", perguntou outra turista.
 
Festa da família

A maior parte dos elogios ao formato deste Carnaval partiu de moradores incomodados com as festas anteriores, que traziam escolas de samba e trios elétricos com uma programação voltada aos carnavalescos, além de turistas que vieram com crianças ou com a intenção de fazer compras e dos empresários locais do comércio e da rede hoteleira de Serra Negra. "Parabéns, sr. Prefeito, o Carnaval de Serra Negra estava se perdendo, muita bagunça, muita coisa errada nas ruas", afirmou um morador.
 
Sem excessos

"Acertaram em cheio nesta proposta de Carnaval! Sem excessos voltado às famílias, prevalecendo e resgatando a alegria e a pureza dos antigos carnavais", afirmou uma turista na página do Instagram. Turistas e proprietários de imóveis de veraneio na cidade que tinham deixado de vir a Serra Negra se manifestaram a favor e prometeram voltar se permanecer esse formato.

Propaganda oficial

A prefeitura usou suas redes sociais na tentativa de conter a avalanche de críticas. Além dos vídeos com as atrações apresentadas ao longo dos quatro dias de Carnaval, no  Facebook e no Instagram, foram compartilhados depoimentos de apoio ao evento de comerciantes, moradores, turistas, e até de crianças e do juiz Carlos Eduardo Silos de Araújo.

Atrações infantis

"Estou aqui com a minha família, com a minha filha e estou gostando muito do Carnaval, ela está se divertindo, um carnaval familiar, ela (filha) está muito feliz, acho que a minha família e os nossos amigos também estão felizes, as crianças estão se divertindo bastante. Está muito bom o Carnaval aqui", afirmou Silos de Araújo.

Inconstitucional

O Artigo 37, Parágrafo XXII, § 1º da Constituição Federal diz que "a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos". Fica claro que o sem número de fotos, textos e vídeos publicados pela prefeitura em suas redes oficiais descumpriu a norma constitucional. 

Marcos Testa: Serra Negra tem de seguir 
o modelo de Carnaval de Gramado.


 
Público "chiquérrimo"

No vídeo publicado na página do Facebook da prefeitura, o dentista e hoteleiro Marcos Testa disse que Serra Negra tem de seguir o modelo do Carnaval de Gramado (RS) que, na sua avaliação, está dando certo e atraindo um público selecionado. "O pessoal que vai lá é de alta categoria, chiquérrimo. E como Gramado está fazendo Carnaval? Gramado está fazendo do Carnaval o refúgio para a família, para a criança e para o bem-estar dos mais velhos, porque o turismo lá é profissional. Eles pensam a cidade em uma questão de valor e riqueza e engrandecimento econômico da cidade e a gente tem de seguir este pessoal", afirmou.

Decadência carnavalesca

Para o empresário, Gramado está em ascensão enquanto os carnavais do Rio de Janeiro e de Salvador estão decadentes e perdendo até patrocínio das grandes emissoras de televisão. "A gente não pode seguir o Rio de Janeiro, que faz até um Carnaval bacana, mas violento, Salvador, Carnaval violento, violentíssimo, mas elas se acomodaram nisso e a gente está vendo que ao longo dos anos as próprias emissoras estão começando a arrefecer o patrocínio", avaliou.
 
Serra Negra na vitrine

O empresário considera que os organizadores do Carnaval em Serra Negra estão no rumo correto ao usar a festa para vender a cidade. "Está usando a cidade não para vender um produto ou um evento, o gestor está usando o Carnaval para vender Serra Negra. Isso é importante, vender a cidade e não vender o Carnaval", afirmou. "Carnaval pode ter em qualquer lugar, mas a beleza de Serra Negra tem de ser vendida, tem de ser explorada e a gente usa o Carnaval para vender a cidade, não o contrário, a cidade não pode ser utilizada para todo mundo vir aqui destruir, a gente usa o carnaval, a gente controla e vende bem a cidade", concluiu.
 
Centro da cidade: ruas cheias
durante o dia e vazias à noite


Lojas e hotéis

A rede hoteleira de Serra Negra teria atingido 99% de sua capacidade de ocupação durante os quatro dias de feriado de Carnaval, informou a prefeitura em suas redes sociais, sem, no entanto, apresentar dados estatísticos. As ruas lotadas no centro da cidade, informou a prefeitura, indicavam retorno financeiro para lojas e também para bares e restaurantes, que tiveram bastante movimento durante o dia, mas movimento fraco à noite. Vídeos compartilhados nas redes sociais revelam que alguns estavam praticamente vazios em algumas noites de Carnaval.


Sem dados estatísticos

Serra Negra não conta com um sistema para a coleta de dados estatísticos sobre o movimento de turistas na cidade e os cálculos de visitantes que passam por aqui ao longo do ano é realizado com base em informações da Associação de Hotéis Restaurantes Bares e Similares (Ashores), que também não tem um sistema de cunho científico para apurar esses dados. A informação é do secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Carlos Alberto Tavares de Toledo, em resposta a um requerimento enviado ao Executivo pela vereadora Anna Beatriz Scachetti solicitando informações sobre o assunto.

Conta de padeiro

A prefeitura calcula que cerca de 780 mil turistas circulam por Serra Negra ao longo do ano, uma média de 15 mil turistas em um fim de semana comum. Esse cálculo é feito com base na média anual de ocupação da rede hoteleira, que teria chegado depois da pandemia a 70%. Os visitantes que permanecem menos de 24 horas no município são excluídos desse cálculo. O Carnaval está entre o período considerado pela secretaria de maior visitação, que inclui ainda férias de janeiro e julho e os feriados de Semana Santa, Dia do Trabalho, Corpus Christi, Independência do Brasil, Padroeira do Brasil, Finados, Proclamação da República, Natal e Réveillon. 

Batalha virtual

As cidades o Circuito das Águas Paulista promoveram uma guerra de informações nas redes sociais para mostrar o sucesso do Carnaval que promoveram. Nas fotos que publicaram havia multidões em Lindoia, Águas de Lindoia e Jaguariúna. Mas os registros visuais apontaram Amparo como a grande vencedora da disputa. O desfile dos blocos, arrastando milhares de foliões, faz a diferença no Carnaval amparense.

Coincidência?

Talvez seja coincidência o fato de a prefeitura de Bragança Paulista também ter adotado o slogan "Carnaval Família", o mesmo de Serra Negra, para a festa oficial. Bragança Paulista, como se sabe, é o berço político da família Chedid. Se não for coincidência, o fato mostra que o domínio exercido pelo grupo vai além da esfera política/empresarial e se estende ao campo ideológico. 

Leis e mais leis

Os vereadores vão votar mais um projeto de lei do presidente da Câmara Municipal, Wagner da Silva Del Buono, o Waguinho do Hospital, para instituir data de conscientização sobre doenças. Desta vez, o projeto de lei contempla a Síndrome de Stevens-Johnson e a necrólise epidêmica tóxica (Síndrome de Lyell), causadas por medicamentos ou infecções. A votação será na sessão da Câmara desta quinta-feira, 23 de fevereiro. O problema dessas leis é que a maioria não é aplicada e às vezes o principal para a prevenção não é nem contemplado pela legislação, como o recente projeto de lei aprovado, que trata da herpes zoster. A melhor prevenção é a vacinação, que custa quase R$ 1,8 mil as duas doses. A lei aprovada não prevê a oferta da vacina, em especial às pessoas com mais de 50 anos e com baixa imunidade e maiores riscos de contrair a doença. Leis só servem se forem de fato aplicadas.



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