//FERNANDO PESCIOTTA// Divergências bem-vindas



Não faz muito tempo, fui sondado para fazer uma consultoria de imagem e reputação do Brasil na imprensa internacional. Meu interlocutor me alertou de que os trabalhos deveriam prever que o presidente e sua equipe não aceitavam críticas – o mesmo que deixou o Palácio da Alvorada em frangalhos, com goteiras, sofás rasgados e obras de arte danificadas.

Neguei qualquer possibilidade de fazer uma consultoria na qual não se pode falar a verdade. Seria uma enganação. Contratar um serviço para ser enganado é jogar dinheiro público no lixo.

Lembrei dessa história quando ouvi a agora ministra Simone Tebet assumir o Planejamento declarando ter avisado ao presidente Lula que tem divergências com o PT e a equipe econômica da Fazenda.

Segundo ela, Lula respondeu que “um presidente democrático não quer apenas os iguais, mas os diferentes para somar”.

Os operadores do mercado financeiro gostaram do que ouviram e entenderam que o governo caminha para o equilíbrio, conforme notícias publicadas pela imprensa. A Bolsa subiu e o dólar caiu.

Há uma grande expectativa pela primeira reunião ministerial, marcada para esta sexta-feira (6), que servirá para unificar o discurso e explicitar que ninguém está acima do governo ou do presidente da República. Qualquer proposta ou solução depende de aval do Planalto para se tornar pública. Conter ruídos é fundamental para manter a credibilidade.

Mais do que nunca, o governo precisará dessa credibilidade para motivar investimentos, elevar a arrecadação e fortalecer uma política de criação de empregos. Também por isso, Lula, ao contrário de seu antecessor, precisa de opiniões divergentes, para fazer um governo melhor do que os seus dois anteriores, como ele mesmo tem repetido.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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