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O novo Plano Diretor de Serra Negra sugere para as vias coletoras 16 metros de largura mínima, duas faixas de rolamento de 3,50 metros, duas faixas de estacionamento de 2,50 metros e dois passeios públicos com 2,5 metros.
O plano considera, por exemplo, o corredor já existente formado pelas ruas Norberto Quaglio, Alfredo Pedro Salomão, Irineu Baldini e Manoel Luiz Saragiotto como uma via coletora.
Mas esse corredor apresenta:
- Longos trechos cuja largura total da via é muito, muito, muito, muito inferior aos 16 metros indicados no quadro 5.2.4.5 do Plano Diretor 2022. Tem trechos em que a largura total é inferior a 10 metros;
- Longos trechos com declividade muito, muito, muito superior aos 12% e trechos com declividade que atingem quase os absurdos 25%;
- Traçado horizontal inadequado, com curvas em formato de “S” de largura, muito limitada no final de forte declive;
- “Desagua” na João Gerosa, numa esquina que tem sério problema de visibilidade e, portanto, risco de acidente/incidente.
Ou seja, essa via existente parece estar muito longe de apresentar geometria horizontal e vertical favorável para ser considerada uma via coletora.
É indispensável ao novo plano estudar outra via coletora, na verdade mais de uma via coletora, para atender essa região da cidade para evitar o aumento dos problemas de mobilidade já existentes.
Nas estradas municipais não são considerados passeios ou acostamentos.
Quem anda pelas estradas municipais observa muitos pedestres transitando pelas suas beiradas, inclusive à noite, quando a visibilidade dos motoristas é prejudicada.
À noite é comum ver esses pedestres caminhando com auxílio de lanternas. Como ficam esses pedestres? O plano parece não se preocupar com eles.
Vamos continuar negligenciando o risco de atropelamentos desses pedestres?
O Plano 2022 admite que ”...as dimensões apresentadas no quadro 5.2.4.2 deverão ser adotadas no caso de desenvolvimento de projetos de urbanização específica e que as vias já implantadas permanecerão com as dimensões existentes, podendo ser estabelecidos alargamentos ou adequações conforme definição do Poder Executivo. Ademais, conforme deliberação do órgão técnico da Prefeitura Municipal, o estacionamento previsto nas vias Arteriais e Coletoras poderá ser proibido quando a capacidade viária for atingida.”
O problema de vias estreitas já existe faz tempo e parece que alargamentos e adequações até hoje nunca foram objeto de estudos do Poder Executivo. Mobilidade parece não ser prioridade.
Uma grande Zona de Ocupação Prioritária (ZOP) localiza-se às margens do corredor Norberto Quaglio e Armando Argentini, cuja geometria atual das vias se aproxima mais de uma via local.
Considerando os loteamentos Alto da Boa Vista e Belvedere do Lago, essas vias já podem ser consideradas como arteriais e o plano não aponta nenhuma solução para adequar esse corredor.
Aliás, o corredor formado pelas ruas Norberto Quaglio e Armando Argentini está se tornando, devido à ocupação do entorno, um importante corredor alternativo que liga a Zona Sul da cidade ao Centro e, em futuro breve, provavelmente poderá se tornar uma alternativa para conectar as cidades vizinhas de Amparo e Monte Alegre do Sul. A rodovia municipal Antônio Perli está logo ali.
Porém, hoje essas vias têm largura já bastante limitada para o fluxo atual. O que será feito a curto prazo para resolver esse problema de mobilidade urbana?
Parece urgente planejar uma ligação desse corredor com a Estrada Municipal Antônio Perli:
- Não pelo traçado proposto no plano (cor magenta, figura abaixo) que apresenta trecho de cerca de 500 metros de forte declividade (~25%), que corta um trecho de mata a montante do Parque Santa Lídia e que atravessa um córrego, obrigado uma travesseia com bueiros ou ponte;
- e sim, pelo traçado ora sugerido (em vermelho, figura abaixo) que passa somente pastos, podendo mais facilmente ser terraplenado de forma a limitar a declividade da via em algo em torno de 15%, mas obrigando também a implantação de bueiros sobre um córrego existente ou ponte ou até mesmo uma pequena barragem, que poderia servir para formar um lago e contribuir para a paisagem local e funcionar também como um reservatório de retenção de águas para amortecer os picos de chuvas intensas;
Foram encaminhadas mais de 15 sugestões para rotas alternativas para os responsáveis pela elaboração do novo Plano Diretor.
Resumindo, os problemas viários já existem hoje e o Plano 2022, no meu entendimento, já deveria apontar os problemas e respectivas alternativas para solucioná-los. Sair um pouco da generalidade e apontar alternativas para solucioná-los.
E o exemplo dado do corredor Quaglio-Argentini provavelmente se repete nos outros bairros, por isso, mais uma vez, os moradores precisam se inteirar do assunto e participar ativamente desse processo.
O Legislativo poderia capitanear uma campanha de orientação, esclarecimentos e audiências públicas para conscientizar os munícipes.
O Plano 2022 admite comprimento máximo das quadras abertas e muradas de 200 metros, podendo as quadras serem limitadas por ruas, vielas ou sistemas de lazer, para que não haja prejuízo da mobilidade urbana e da segurança viária do trânsito de pedestres e ciclistas.
Me parece que 200 metros é muito. Normalmente as cidades não adotam quadras de no máximo 100 metros?
NO PRÓXIMO ARTIGO: quadras muradas, condomínios e calçadas
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Marcelo de Souza é engenheiro
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