//SALETE SILVA// Bloqueios de bolsonaristas prejudicam movimento no feriado

Bolsonaristas bloquearam a Avenida Ariovaldo Viana, na entrada da cidade

Os bloqueios de estradas do país por bolsonaristas inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro à reeleição devem prejudicar o movimento do feriado de Finados em Serra Negra. A previsão é do presidente da Associação Comercial Industrial e Agrícola de Serra Negra (Acia), Tiago Jardim.

“Com certeza o movimento será afetado não só pelos bloqueios em nossa cidade, mas em todo o Estado de São Paulo e o país”, disse. Sua expectativa era a de que o pronunciamento de Bolsonaro, que só se manifestou sobre o assunto nesta tarde de terça-feira, 1º de novembro, pudesse indicar o fim ou permanência dos bloqueios.

O movimento do feriado de Finados é considerado um marco do início do período de vendas natalinas, um dos mais importantes do ano para o comércio de Serra Negra, seguido da temporada de inverno, a melhor do calendário.

A presidente da Associação dos Hotéis, Restaurantes e Similares (Ashores) de Serra Negra, Cibele Dib, também avalia que o pronunciamento do presidente poderia colocar um fim nos bloqueios e evitar um prejuízo maior no movimento do feriado. “Até o momento não tivemos cancelamentos, mas todos estamos apreensivos”, afirmou.

Embora tenha defendido o direito de ir e vir do cidadão, Bolsonaro fez um discurso curto, sem críticas veementes aos bloqueios que têm causado transtornos à população e alegou injustiças contra sua candidatura ao longo da campanha de segundo turno.

Apesar da preocupação de parte dos hoteleiros e comerciantes, os bloqueios na cidade e as manifestações contra o resultado das eleições do dia 30 de outubro contam com o apoio e a participação de empresários.

A secretária-adjunta do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de Serra Negra, Giuliana Marchi, informou que estava participando do  bloqueio na Avenida Ariovaldo Viana, saída para Amparo, e que iria dar sua opinião sobre o impacto da manifestação no movimento do feriado de Finados na próxima reunião do órgão.

Prefeitura

A assessoria de imprensa da prefeitura informou que o trecho bloqueado da Avenida Ariovaldo Viana é de jurisdição estadual do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). “Dentro do que está ao alcance da Prefeitura a Guarda Civil Municipal (GCM) foi deslocada à área para orientar os motoristas sobre rotas alternativas”, informou.

A assessoria informou ainda que a prefeitura acionou as polícias rodoviárias estadual (responsável pelas ações de polícia ostensiva e preservação da ordem pública em ações de policiamento de trânsito na área) e a Polícia Militar. Mais informações sobre o tema, a assessoria afirmou que deveriam ser solicitadas ao governo do Estado de São Paulo.

Bloqueio em frente ao posto de combustíveis

Posto de combustíveis

A assessoria de imprensa da Ypê, cuja família controladora da marca doou R$ 1 milhão para a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro, esclareceu que o posto de combustíveis localizado na Avenida Ariovaldo Viana não pertence à empresa. Cavaletes foram colocados em sua frente, impedindo o tráfego de veículos em direção a Amparo. O estabelecimento é propriedade de familiares de sócios da companhia. A assessoria esclareceu, no entanto, que nenhum funcionário do posto foi autorizado a participar do bloqueio e que todos estavam trabalhando normalmente.

Segundo informações enviadas ao Viva! Serra Negra, funcionários do posto participaram do ato com a ajuda de integrantes da Guarda Civil Municipal.

Tiago foi agredido em Amparo

Agressão 

O recenseador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tiago Marcolino Pereira, foi agredido por bolsonaristas nesta terça-feira, 1º de novembro, quando vinha para Serra Negra. Ele parou no bloqueio que era feito na Rodovia Eng. Constâncio Cintra, perto da Fazenda Imigrantes, em Amparo. Tiago estava acompanhado de uma colega de trabalho. 

Segundo informou, quando aguardava na fila de veículos, foi abordado pelos bolsonaristas, que chegaram falando que o IBGE "trabalhava com o Lula". 

“Tentaram abrir as portas do carro e me agrediram com um soco”, relatou. Tiago tentou dar marcha a ré, mas não conseguiu, porque havia pessoas atrás do carro. “Engatei a primeira e saí desviando”, explicou. Algumas pessoas que tentavam segurar a porta do carro caíram e quando conseguiram sair com o carro, Tiago foi perseguido por alguns veículos.

“Eles iam me agredir e a agredir a moça que estava comigo”, relatou. Ao entrar na frente da moça para defendê-la, Tiago foi agredido com socos que quebraram seu nariz. A polícia deu tiros para o alto para dispersar os agressores. 

Depois de passar por atendimento médico, Tiago foi prestar queixa na Delegacia de Polícia de Amparo. Lá, informou, os bolsonaristas pressionaram para que ele fosse enquadrado como agressor e não como vítima. O delegado acabou decretando a sua prisão em flagrante.  

Ação criminosa

O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Mário Sarrubbo, afirmou que as manifestações contra o resultado das eleições são conduzidas por uma organização criminosa e os envolvidos podem ser processados criminalmente pelo Ministério Público. 

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Salete Silva é jornalista profissional diplomada (ex-Estadão e Gazeta Mercantil) e editora do Viva! Serra Negra