//FERNANDO PESCIOTTA// Perguntas sem resposta



O ataque a tiros em duas escolas no interior do Espírito Santo, resultando, até agora, em quatro mortos e 12 feridos, não é apenas uma estupidez fria de um menino de 16 anos. Há coisas apavorantes nesse episódio.

Com uma suástica no braço, o nazistinha usou duas armas do seu pai, um tenente da Polícia Militar, pegou o carro do policial, que um dia publicou nas redes sociais a contracapa de livro de Hitler, e demonstrou prática de um atirador adulto e bem treinado para matar crianças e jovens professoras.

A polícia inda não conseguiu explicar como o rapaz pegou as armas do pai em horário de trabalho e “roubou” o carro sem que ninguém percebesse.

Quão fácil era o acesso às armas e ao veículo? Quem o ensinou a dirigir sem habilitação? Por que ele tinha tanta habilidade no uso das armas? Quem o ensinou a atirar com tanta maestria? Como ele tinha uma ferramenta policial de arrombamento de cadeados? Como ninguém percebeu que ele colecionava suásticas? Por que o menino estava havia seis meses fora da escola?

São perguntas que se respondidas podem ajudar a explicar melhor um episódio que, infelizmente, está longe de ser isolado.

O País assiste ao avanço da normalização de ataques nazistas. Gente querendo colocar sinais em casas de eleitores adversários, policiais fazendo vistas grossas para crimes cometidos supostamente por ideologia golpista, pais insuflando filhos à violência, a exemplo do que ocorreu em escolas de classe média alta em Curitiba e Valinhos, ainda que com resultado trágico de menor escala.

Mais assustador é que o caso ocorrido ironicamente no Espírito Santo, passados quatro dias, não teve nenhuma manifestação de uma autoridade federal. Do miliciano nada se espera quando o assunto é solidariedade e responsabilidade, mas até o ministro da Justiça se mantém calado, o que soa como incentivo a novos ataques. 

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com




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