//CARLOS MOTTA// Baderneiros bolsonaristas tumultuam Serra Negra

Cavaletes em frente ao posto dos donos da Ypê impedindo veículos de irem a Amparo

Alguns desordeiros inconformados com a derrota de Bolsonaro para Lula, provavelmente obedecendo a ordens superiores, causaram tumulto, com bloqueios ilegais de estradas, e uso de violência contra estudantes e trabalhadores, em cidades do Circuito das Águas Paulista.

Em Serra Negra, logo pela manhã, a Avenida Ariovaldo Viana, saída para Amparo, foi bloqueada por alguns veículos, na altura das lojas Marson Lar & Construção e Agrocampo Casa & Construção. 

Desfeito esse bloqueio, um outro, com a colocação de dois cavaletes na rua, foi feito em frente ao Auto Posto Serrano, pertencente à família dona da Ypê, impedindo o acesso a Amparo.

No fim da manhã, a prefeitura colocou um comunicado em sua página oficial do Facebook: "Comunicamos que o acesso a Serra Negra pela Rodovia SP-360, na entrada da cidade (Av. Ariovaldo Vianna) encontra-se bloqueado. A Guarda Civil Municipal está no local orientando sobre rotas alternativas. A faixa é de domínio da Polícia Rodoviária Estadual, que já foi comunicada. A Polícia Militar também já foi acionada. Pedimos calma às pessoas neste momento e reforçamos que evitem aquele trecho até que a situação seja resolvida."

Duas horas depois, mais de 300 munícipes se manifestaram a respeito das providências tomadas pelo Executivo local, a maioria esmagadora repudiando com veemência a ação dos desordeiros e a falta de ação da prefeitura.

Eis alguns comentários:

"Atos antidemocráticos e vcs passam outras alternativas?! Baderneiros! Balbúrdia!"

"Onde está o direito de ir e vir dos cidadãos?"

"E qto aquele discurso de q perderíamos a tal "liberdade" era disso q vcs estavam falando?? Que coisa não!? Muito "patriotismo" nisso td..."

"Que absurdo, isso é vandalismo. A Polícia precisa agir."

"Não tem que indicar rotas alternativas, tem é que tirar esses arruaceiros dali. Isso é antidemocrático! Tem que multar e/ou prender como o governador indicou."

"Lamentável. Tenho prova hoje na faculdade, não poderemos ir pois está tudo fechado. Alunos voltando da faculdade agora pela manhã, voltaram embora A PÉ no meio da estrada, pq não deixaram o ônibus passar. Pacientes com câncer, aguardando cirurgia há mais de 3 meses no HUSF em Bragança perderam suas cirurgias pois não liberaram a passagem... Essa imbecilidade e alienação chegou num nível absurdo. Se fossem trabalhadores, estariam TRABALHANDO e não atrasando a vida de quem realmente precisa trabalhar."

Agressão

A baderna dos bolsonaristas foi além do impedimento do direito de ir e vir assegurado aos brasileiros pela Constituição. 

Eles também apelaram para a violência.

Recenseador do IBGE agredido

Um grupo de recenseadores do IBGE que partiu de Franco da Rocha com destino a Serra Negra foi abordado, em Amparo, por bolsonaristas que fecharam a Rodovia Eng. Constâncio Cintra, na altura da Fazenda Imigrantes, da família Beira, dona da Ypê. Os recenseadores foram obrigados a sair do veículo em que viajavam e acabaram agredidos pelos bolsonaristas, sob a alegação que o "IBGE é do PT". Os trabalhadores registraram Boletim de Ocorrência em Amparo.

Estudante obrigado a descer do ônibus

Na mesma rodovia, um ônibus que levava estudantes de Serra Negra a Bragança Paulista também foi impedido de continuar viagem. Os estudantes desceram e acabaram xingados pelos bolsonaristas.

Prejuízo

Internautas alertaram no Facebook sobre a possibilidade de o comércio e o setor hoteleiro de Serra Negra sofrerem prejuízos neste feriado de Finados. 

"Se você é turista e fez reserva em hotel, pousada, bar, restaurante ou Airbnb, peça ressarcimento. Delinquentes estão bloqueando as estradas e impedindo o acesso às cidades turísticas" - escreveu um deles.

Outro internauta fez o trabalho que a polícia deveria estar fazendo, que é o de identificar os responsáveis pela baderna e responsabilizá-los criminalmente: "Os três maiores incentivadores do bloqueio nas estradas de Serra Negra, em minha time line, impedindo que turistas cheguem até aqui, não tem nenhum vínculo direto com o turismo. Um deles é profissional liberal e não trabalha em Serra Negra, o outro trabalha em uma mercearia e o terceiro sequer trabalha. São essas pessoas, entre outras, que estão causando prejuízo para os hotéis, bares, restaurantes e para o comércio voltado ao turismo."

Resumo da ópera: Serra Negra não pode ficar refém de alguns meliantes que se dizem "homens de bem" e escondem o que são em falso patriotismo, falsa moralidade e falsa religião. 

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Carlos Motta é jornalista profissional diplomado (ex-Estadão, Jornal da Tarde e Valor Econômico) e editor do Viva! Serra Negra