//FERNANDO PESCIOTTA// Brasil na UTI

O resultado do primeiro turno da eleição, confirmando a liderança de Lula, indica que o Brasil saiu do coma, mas a votação dada ao bolsonarismo mantém o País na UTI e sob cuidados extremos para não ir a óbito.

Ao contrário do que se apregoava, o voto envergonhado não é em Lula, mas em Bolsonaro. Uma vergonha explicável ante o que aconteceu no País nos últimos anos, da pandemia genocida a inúmeros equívocos cometidos por uma gestão corrupta e incompetente.

O domingo reforçou que o Brasil assumiu seu profundo conservadorismo. Como se comentou na TV, Lula é uma ilha esquerdista num País de extrema-direita, beirando o nazismo explícito.

Como explicar a um estrangeiro que o general Eduardo Pazzuelo foi eleito deputado com a segunda maior votação do Rio de Janeiro? Logo ele, apontado como um inepto que levou a milhares de mortes na pandemia.

Fica difícil explicar também tamanha votação de Ricardo Salles, responsável pela morte de dezenas de quilômetros de floresta amazônica. Os ministros que destruíram o meio ambiente, a saúde e a ciência foram eleitos, assim como a desvairada que despreza os direitos humanos.

A votação do genocida praticamente repete a alcançada em 2018, o que mostra que grande parte da população está pouco se lixando para as mortes, para o atraso e para a barbárie.

O que mantém o Brasil respirando por aparelhos é o fato de Guilherme Boulos ser o candidato a deputado mais votado em São Paulo, de o PT ser o partido que mais elegeu governadores no primeiro turno. Foram três, e outros quatro vão disputar o segundo turno, incluindo Fernando Haddad.

Ter Eduardo Suplicy como o campeão de votos na disputa pela Assembleia Legislativa também segura a respiração do Brasil, mas o risco de nem as máquinas aguentarem tanta insensibilidade é muito preocupante.

-------------------------------------------------

Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com