//POLÍTICA// Hospital vira tema central da disputa eleitoral da cidade



O Hospital Santa Rosa de Lima foi o assunto central das discussões eleitorais da cidade na última semana. A dificuldades financeira da instituição foi tema de entrevista do candidato bolsonarista a deputado estadual, Marco Bueno, a um podcast da região. Em suas redes sociais, o prefeito Elmir Chedid, irmão do deputado estadual candidato à reeleição Edmir Chedid, anunciou o repasse de mais recursos para a instituição. Na sessão da Câmara Municipal, segunda-feira, 19, os vereadores aprovaram mais verbas para a instituição e rebateram críticas feitas ao Legislativo  por Marco Bueno, que teria acusado os vereadores de não fiscalizar o hospital.

Em uma entrevista para divulgar sua candidatura, o candidato bolsonarista disse que o hospital gasta mais e oferece menos serviços à população do que dois anos atrás devido a problemas na gestão e à contratação de uma empresa de terceirização de saúde de Bragança Paulista. 

“Trocaram a empresa e buscaram uma equipe de Bragança. O serviço dobrou e não tem mais dois plantonistas”, afirmou, insinuando a ligação do grupo político do deputado Edmir Chedid e do prefeito Elmir Chedid com a empresa contratada.

Além de criticar a atual gestão do Hospital Santa Rosa de Lima, o candidato disse que a prefeitura de Serra Negra tem uma dívida com a Caixa Econômica Federal de cerca de R$ 30 milhões. 

Correligionários do candidato que participavam da entrevista fizeram piadas sobre a atuação dos vereadores na Câmara Municipal, insinuando que são meros aprovadores de requerimentos de congratulações e aplausos.

O prefeito Elmir Chedid foi às redes explicar que a administração do hospital não é responsabilidade da prefeitura, que arca apenas com as despesas do Pronto Socorro, mas que ainda assim já repassou este ano cerca de R$ 6 milhões e até o fim de 2022 deverá liberar um total de R$ 8,2 milhões à instituição.

O prefeito informou também que o pagamento do 13º salário dos funcionários do hospital está garantido. Isso deverá evitar manifestações e paralisações dos trabalhadores, como ocorreu em anos anteriores. O 13º será pago em duas parcelas: a primeira no dia 20 de novembro e a segunda em 20 de dezembro.

Chedid rebateu também críticas de que prefeitura estaria endividada. Ele argumentou que a prefeitura recebeu do Banco Central o rating A, título que, segundo ele, daria garantia de sua liquidez financeira. “O rating A significa que a prefeitura pode fazer empréstimos porque está pagando em dia e ao longo deste tempo está apta e todo mundo pode acreditar que ela está pagando suas contas”, afirmou.

Debate na Câmara

Durante a votação do projeto que autoriza a prefeitura a repassar uma suplementação de verba de R$ 690 mil para impedir o colapso financeiro do hospital, o presidente da Câmara Municipal, César Augusto Borboni, o Ney, rebateu a ironia de Marco Bueno e seus correligionários à atuação do Legislativo de Serra Negra, que estaria aprovando apenas requerimentos de congratulações e aplausos. Ney aproveitou para rebater publicações da coluna "Notas Serranas", do Viva! Serra Negra, em que os vereadores são chamados de "aprovadores".

O seu principal argumento foi o de que Bueno estaria ironizando não só a atuação dos vereadores da base de apoio do prefeito Elmir Chedid como também os da oposição: “Ele não fala quem são os vereadores, quando o entrevistador pergunta da fiscalização do hospital. Ele dá uma risada ironizando os vereadores, incluindo vocês que são da base dele, que foram eleitos no grupo político dele e que estão pedindo voto para ele. É feio”, afirmou se dirigindo aos três vereadores da oposição. 

O líder do prefeito no Legislativo, Beraldo Cattini, também rebateu a definição da imprensa às sessões da Câmara como reunião de amigos. “Fico muito triste quando a imprensa diz que somos apenas aprovadores ou que fazemos reunião de amigos”, afirmou. “Essa Casa não é só uma reunião de amigos que tomam café e resolvem tudo nos bastidores”, acrescentou.

Repasse parcelado

A prefeitura de Serra Negra decidiu repassar mais R$ 690 mil este ano ao Hospital Santa Rosa de Lima depois que representantes da administração apresentaram um balanço financeiro que indica uma situação caótica das contas da instituição. Vereadores chegaram a cogitar a possibilidade de fechamento da instituição. O repasse será feito em cinco parcelas. As duas primeiras e a última de R$ 90 mil e as outras duas de R$ 210 mil.

A situação financeira do hospital, no entanto, continua sem uma definição. O economista Marco Antônio Real Lopes, da empresa RBM Consultoria Hospitalar, de Jundiaí, contratada pelo hospital para administrar a área financeira, deixou o cargo por problemas de saúde.

O interlocutor do hospital com a prefeitura agora é um representante de uma empresa de Bragança Paulista responsável pela terceirização dos funcionários do Pronto Socorro. Até o dia 30 de novembro, a empresa deve apresentar um novo plano de trabalho de gestão do hospital.

Disputa política

A prefeitura teria aprovado o novo repasse de recursos por solicitação dos vereadores. Seu anúncio, no entanto, ocorre no meio de uma disputa eleitoral em que o serviço de saúde é considerado o mais importante e o principal alvo de críticas da população da cidade.

O grupo político liderado pelo prefeito Elmir Chedid apoia a reeleição de seu irmão deputado estadual Edmir Chedid e o candidato a governador Rodrigo Garcia. O grupo não anunciou apoio a nenhum candidato à Presidência da República nem mesmo a de Soraya Thronicke, candidata de seu partido, o União Brasil. Soraya praticamente não pontua nas pesquisas eleitorais.

O outro grupo, que faz oposição a Chedid, apoia o candidato a deputado estadual Marco Bueno, derrotado nas eleições passadas à prefeitura, e o candidato a governador Tarcísio Freitas, apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.



Comentários

  1. Tragicamente, não dá nem para separar o joio do trigo, porque está difícil encontrar algum trigo na classe política de Serra Negra. Parece que todos pensam em tudo, menos no bem estar e na qualidade de vida da população da cidade. Triste! E revoltante!

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