//SERRA NEGRA NA RODA// Emenda parlamentar deveria ser discutida com a sociedade, diz cientista político

 

Wagner Romão: temos de manter os jovens na escola

Cada deputado estadual paulista tem cerca de R$ 6 milhões à disposição para distribuir à sociedade por meio das emendas parlamentares. Mas esse mecanismo, como é usualmente utilizado, fortalece a prática do clientelismo. Para que isso não ocorra, Wagner Romão, professor de ciência política na Unicamp e pré-candidato a uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo pelo PT, acredita que é necessário que a destinação dessas emendas seja discutida pela sociedade.

Essa ideia foi apresentada por ele na entrevista que deu à jornalista Salete Silva no programa Serra Negra na Roda, produzido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari (assista à íntegra abaixo).

"Sou um estudioso do processo de participação popular na política e pretendo, se for eleito, trabalhar com um orçamento participativo, ou seja, promover uma relação horizontal com os eleitores, com reuniões presenciais e virtuais, para debater o que fazer com os recursos das emendas parlamentares", disse.

Romão, além do interesse em aproximar o mandato parlamentar da sociedade, acredita que a universidade pode desempenhar um papel muito importante para ajudar o país a superar a atual crise econômica, desde que o financiamento à pesquisa científica, que registrou queda abrupta nos governos federal, com o presidente Jair Bolsonaro, e estadual, no governo João Doria, seja retomado. 

Com o fortalecimento da universidade e dos institutos de pesquisa, acredita o professor, também será possível popularizar a ciência, tarefa que ele julga imprescindível na atualidade, quando o Brasil vive o que ele chama de "cultura do imediato", com as redes sociais inundadas de notícias falsas e boatos. "O caminho da ciência é lento, exige recursos e tempo de maturação", diz. Apesar disso, explica que alguém que tem algum conhecimento sobre como a ciência funciona está mais protegido contra as "fake news".

Outra preocupação de Romão é quanto ao drama que vive hoje a juventude brasileira, sem perspectiva de conseguir empregos de qualidade - e até mesmo de arranjar trabalho. Para ele, não adianta o jovem se formar se depois de formado ele fica desempregado. A solução, aponta, é fazer com que a escola tenha uma relação muito mais próxima com o mundo do trabalho do que atualmente. 

Na sua opinião, isso será facilitado com a eleição de Fernando Haddad (PT) para o governo do Estado. "O Haddad sabe que isso é possível, tanto que ele espalhou os institutos federais pelo Brasil, saiu de uma base de 150 para 650 estabelecimentos", informou.

Romão citou, na sua entrevista ao Serra Negra na Roda, que ajudou a criar, quando assessorava o deputado estadual Nabil Bonduki (PT), o Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, que existe até hoje. "Antes do programa, os jovens que concorriam a editais de projetos artísticos e culturais tinham de apresentar CNPJ, o que muitas vezes tornava a sua participação inviável", disse. "Com o programa, ele passou a precisar apresentar apenas o CPF, e isso ajudou a fortalecer as iniciativas próprias da juventude, que é o que temos de fazer."

Outra informação dada por Romão no Serra Negra na Roda foi a de que o Programa de Ensino Integral, criado pelo governo Doria, ocasionou uma grande evasão escolar. "Com esta crise que o país vive, com tanta gente desempregada, os jovens estão tendo de optar entre estudar ou trabalhar para ajudar a sua família e isso é muito ruim, pois temos de manter os jovens na escola."

Assista a seguir à íntegra do Serra Negra na Roda com o professor Wagner Romão:



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