//CARLOS MOTTA// Cacetadas para resolver o problema dos jovens serranos




Na semana passada um vídeo causou furor nas redes sociais do pessoal de Serra Negra. Mostrava uma briga de adolescentes na Praça João Zelante interrompida quando um guarda civil municipal interveio a golpes de cassetete, fartamente distribuídos na molecada.

A cena choca por dois motivos. 

Primeiro, o fato de um agente policial ter agido com violência contra menores de idade - se usasse o bom senso, poderia ter parado a briga de outra maneira. 

E segundo, por mostrar de maneira inequívoca que os jovens serranos estão aí à deriva, sem ninguém que olhe por eles, sem ter nada para fazer na cidade além de se reunir na praça para beber - na melhor das hipóteses.

A rapaziada que apareceu no vídeo, é bom frisar, não é nem de classe média, que ainda pode gastar algumas dezenas de reais em encontros nos barzinhos locais. Aquela turma que levou as cacetadas do guarda municipal é a mais digna representante do extrato social que dia a dia fica mais empobrecido, mais desprotegido e esquecido neste Brasil governado por milicianos e sacripantas.

Essa meninada que brigava na praça e levava bordoadas do agente da lei e da ordem seguramente não tem dinheiro nem para um sanduíche no boteco, muito menos para outras formas mais na moda de lazer. 

Como bem observaram vários estudantes que participaram do Prêmio Vladimir Kapor de Cidadania, promovido pela Casa da Cultura e Cidadania Dalmo de Abreu Dallari, que teve como tema "O que posso fazer para melhorar Serra Negra", nossa pequena cidade oferece quase nada para a juventude.

Entre a centena de sugestões dos participantes do concurso, várias estavam incluídas na área do lazer, como, por exemplo, construir um cinema, oferecer mais atrações culturais, descentralizar eventos culturais, ter mais locais de entretenimento, construir um shopping center e até um hipermercado.

Não sei se as nossas autoridades do Executivo e do Legislativo viram o vídeo da violência entre os jovens dissipada com mais violência ou se leram as propostas e sugestões dos estudantes serranos para melhorar a cidade - que foram enviadas a eles pelos organizadores do Prêmio Vladimir Kapor de Cidadania.

É bem provável que não, pois afinal, devem estar concentrando todos os seus esforços neste momento na campanha eleitoral - o prefeito, para reeleger pela nova vez seu irmão gêmeo para a Assembleia Legislativa paulista, e os vereadores no trabalho de arranjar votos para seus padrinhos parlamentares.

Seria bom, porém, que conseguissem algum tempinho para refletir sobre o que não vêm fazendo pela juventude serrana. 

Se, como gostam de dizer, ela é o nosso futuro, cabe perguntar por que não dão aos jovens condições mínimas para que pelo menos eles sonhem em ter uma vida melhor do que a de hoje.

Porque, do jeito que as coisas estão na cidade, o desejo mais fervoroso dos jovens é sair de Serra Negra o mais rapidamente possível.

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Carlos Motta é jornalista profissional (ex-Estadão, Valor Econômico e Jornal da Tarde) e editor do Viva! Serra Negra




Comentários

  1. Realmente muito preocupante essa questão dos jovens ai de Serra Negra. Tive a oportunidade de ler algumas das redações e fiquei impressionada com a clareza de exposição das idéias e anseios.
    Como sou apenas turista não sei com precisão a situação, mas acho, apenas como sugestão, que o poder público e a iniciativa privada deveriam se unir para melhorar essa situação...não sei , por exemplo ...uma unidade do SESC para o circuito seria sensacional, bibliotecas modernas, conectadas... cinema sem dúvida...esportes...enfim tem que investir nessa turminha para ontem...

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  2. Concordo não temos nada para os jovens na cidade e por falta de atração acabam ficando na praça onde tem bebida e drogas aos montes

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