//POLÍTICA// Vereadores aprovam projeto sem saber para que ele serve

Beraldo, sem saber onde serão aplicados os recursos para a saúde: "Não tem essas informações"

A Câmara Municipal aprovou em sessão extraordinária, na segunda-feira, 4 de julho, a abertura de crédito adicional de R$ 1,9 milhão sem detalhar qual será o destino dos recursos transferidos ao município pelos governos estadual e federal. Apesar das críticas, incluindo dos vereadores da base de apoio do prefeito Elmir Chedid, o projeto foi aprovado por unanimidade. 

Serão destinados R$ 500 mil para obras e instalações, mas não foi informado o que será executado com esses recursos. A área da saúde vai receber R$ 1,4 milhão. O projeto não esclarece como será utilizada toda a verba destinada à saúde. 

Está previsto o investimento de R$ 300 mil em equipamentos e materiais permanentes que seriam destinados à aquisição de uma ambulância que será usada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

O projeto destina R$ 900 mil a custeio médico, mas não esclarece se os recursos serão utilizados, por exemplo, para a atenção básica, para o "Covidário" ou em serviços de alta complexidade. 

A destinação desses gastos foi questionada pela vereadora da base do prefeito Ana Bárbara Regiani Magaldi. “O destino desses recursos será folha de Conisca, na atenção básica? Só está especificado os recursos para as vans e de aquisição de medicamentos”, disse.

Questionado sobre o destino desses recursos, o líder do governo na Câmara, Beraldo Cattini, ficou sem resposta. “Não tem essas informações”, afirmou, depois de folhear as páginas do projeto. O representante do prefeito na Câmara também não soube informar onde será aplicada a verba para obras e instalações.

O presidente da Câmara, César Augusto Borboni, o Ney, admitiu que o projeto foi votado a toque de caixa para que não se perdesse o recurso, mas negou que a aprovação seja eleitoreira, embora a verba tenha sido repassada um mês antes do início da campanha eleitoral, por meio de emendas de deputados dos grupos políticos da cidade. 

Apesar de negar a intenção eleitoreira da aprovação do projeto, Ney já pediu, em sessão da Câmara, que o eleitor serrano vote em candidatos a deputado estadual e federal que na sua opinião ajudam a cidade.

A Câmara aprovou também um projeto de crédito adicional para pavimentação asfáltica de R$ 1,5 milhão. 

Ney admitiu que a aprovação desses projetos em véspera de eleição pode parecer eleitoreira para a população uma vez que os nomes dos deputados foram citados durante a sessão. “Estamos votando o recurso para não perder, mas vamos saber quais são as ruas e ele [prefeito] vai ter de licitar, cabe a nós fiscalizar”, afirmou. Ele argumentou ainda que não poderia deixar a votação para depois sob o risco dos recursos só chegarem ao município depois das eleições. 

"Só que fique bem claro, falei dos deputados, vão dizer que levou quatro anos para liberar os recursos para o asfalto que estão sendo liberados só agora em ano eleitoral, mas ninguém sabe da briga que foi isso", afirmou. 

Os vereadores da situação também admitiram a dificuldade de aprovar um projeto sem a transparência necessária para informar a população. “Quem passa vergonha na casa é o prefeito. A gente tem de fazer um requerimento depois para justificar e explicar para onde vão os recursos”, afirmou Leonardo Franco Atanázio, que fez questão, no entanto, de salientar que iria aprovar o projeto apesar da ausência de detalhamento dos investimentos.

O vereador Renato Giachetto também questionou a ausência de informações no projeto. “Fica aqui uma situação meio constrangedora”, disse.


 


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