//FERNANDO PESCIOTTA// Matar, só depois da eleição



No final da campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro apareceu no telão na Avenida Paulista, em São Paulo, diante de milhares de pessoas, simulando estar com uma arma de grosso calibre, gesticular uma série de tiros dizendo “vamos fuzilar a petralhada”, numa alusão aos petistas.

No sábado (9), seu apoiador Jorge Guaranho o obedeceu. Ele invadiu a festa de 50 anos do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, gritando “aqui é Bolsonaro”, e o matou a tiros. Arruda era tesoureiro do partido e foi candidato a vice-prefeito em 2020.

Em seu perfil nas redes sociais, o assassino tem fotos ao lado de Eduardo Bolsonaro.

O assassinato, que tem ampla repercussão internacional, ocorreu menos de 48 horas depois de um ataque de bomba caseira contra manifestantes pró-Lula no centro do Rio de Janeiro.

Apoiadores de Bolsonaro, como seus filhos, ministros e o presidente da Câmara, Arthur Lira, não se manifestaram sobre o episódio até a manhã desta segunda-feira (11).

Bolsonaro foi ao Twitter para dizer que dispensa esse tipo de apoio, mas não lamentou a morte, não prestou solidariedade à família da vítima e ainda acusou os opositores de serem eles os violentos.

Como sempre, Bolsonaro não demonstrou nenhuma empatia. Sua manifestação soou apenas como um lamento pela possibilidade de perder votos. É como se dissesse “vamos deixar para matar depois da eleição, talquei”.

Na manifestação em seu perfil, o miliciano não sinaliza a necessidade de paz e tranquilidade na campanha. Ao contrário, se esforça em manter os ataques “à esquerda” e praticamente insinua que o assassinato no Paraná é culpa dos adversários. A vítima é o assassino.  

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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