//FERNANDO PESCIOTTA// Do golpe à inflação



Do ponto de vista estratégico e institucional, o aviso de golpe dado por Bolsonaro a embaixadores pode ter sido um tiro no pé.

Com a exceção do presidente da Câmara, Arthur Lira, e dos fundamentalistas que cercam o Planalto, as reações demonstram que Bolsonaro está isolado e derrotado eleitoralmente.

Nem os militares aceitaram o convite para fazer parte do circo.

Como minoria, Bolsonaro deveria seguir seu próprio conselho e se enquadrar.

De procuradores da República a delegados da Polícia Federal, é praticamente unânime a defesa das urnas eletrônicas e do processo eleitoral, assim como as acusações de crimes em série cometidos por Bolsonaro em 50 minutos de narrativa golpista.

O destaque das reações é a nota emitida pela embaixada dos EUA, segundo a qual o processo eleitoral brasileiro é um modelo para o mundo. Sem o apoio dos EUA, fica difícil para o miliciano atrair as nações para sua tentativa golpista.

Enquanto isso, a inflação continua correndo solta e afetando a vida dos brasileiros. Além de preços elevados, o consumidor agora enfrenta escassez de produtos nos mercados.

A queda de braço entre comerciantes e indústria esvazia as prateleiras, o que inclui leite, ovos e chocolates. As carnes estão trancafiadas e os óleos, a preços inacessíveis.

A histeria golpista também tenta esconder a corrupção do governo. Nesta quarta-feira (20), a Polícia Federal foi à rua numa operação contra o esquema de desvios na Codevasf, estatal comandada pelo Centrão.

Em vez de enfrentar os desafios para tentar trazer um pouco de paz e conforto aos cidadãos, Bolsonaro prefere o diversionismo.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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