//FERNANDO PESCIOTTA// Até prefeitos são contra



A Confederação Nacional de Municípios promete levar mil prefeitos a Brasília em protesto contra a PEC Kamikaze, que prevê desoneração fiscal de combustíveis e distribui dinheiro público a meia dúzia de categorias profissionais, amplia o antigo Bolsa Família e até subsidia o transporte público de idosos.

Tudo isso, até dezembro, claro, quando a eleição já tiver passado, a um custo que está girando em torno de R$ 50 bilhões.

Segundo os prefeitos, a arrecadação municipal deverá perder até R$ 250 bilhões com a jogada eleitoreira do governo.

Na semana passada, em regime acelerado, a proposta foi aprovada no Senado, mas ainda terá de passar pela Câmara.

Logo após a aprovação no Senado, investidores do mercado financeiro revelaram temores de que na Câmara o pacote ficasse mais recheado e se reforçaram em dólar. Tinham razão, o temor se materializa.

Nesta segunda-feira (4), o relator da PEC, Danilo Forte, disse que é preciso resolver o problema também dos motoristas de aplicativos e vai sugerir, então, um vale-Uber. Disse, ainda, que não descarta que haja a inclusão de outros beneficiários.

Defender o contrário agora é atrair a ira de quem tiver a expectativa frustrada. Pode ser um bode difícil de tirar da sala.

Assim vai indo. Não duvido que alguém sugira também dar um dinheirinho para os motoboys, entregadores em geral, frentistas. Se é para comprar voto, sejamos profissionais e com visão de grandeza. O dinheiro é nosso mesmo.

Analistas ouvidos pelo jornal O Globo avaliam que a PEC pode ter um efeito inverso ao desejado, com alta da inflação e anulação do aumento dos benefícios e desoneração de combustíveis.

E pensar que Dilma foi vítima de um golpe por causa de “pedalada fiscal”.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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