//CIDADE// Boatos de ataques a escola causam pânico em pais de alunos



Boatos que surgiram na cidade de ameaças de ataques a escolas foram um dos temas da reunião do Conselho Comunitário de Segurança de Serra Negra (Conseg), realizada na quarta-feira, 13 de julho. O compartilhamento de mensagens nas redes sociais de mães de alunos da EMEB Durval de Paula Chagas, no Campo do Sete, provocou, na semana passada, pânico entre os pais.

O episódio foi comparado ao da Escola Estadual Jovino Silveira, onde uma ameaça de ataque foi escrita numa das portas do banheiro, no mês de maio. A ameaça não se concretizou.

A presidenta do Conseg, Marina Ricci, informou que ao contrário do que foi veiculado nas redes sociais de pais de alunos da escola do Campo do Sete, não houve ameaças por parte de um pai de aluno à direção do estabelecimento de ensino. Também não foi aberto boletim de ocorrência do caso na Delegacia de Polícia nem houve denúncia por parte dos pais ou da escola.

As mensagens sobre as possíveis ameaças foram compartilhadas em grupos de WhatsApp depois que um pai de aluno procurou a direção da escola para obter informações sobre o filho e solicitar sua inclusão num grupo de pais. Esse pedido foi negado pela direção sob o argumento de que a mãe é quem tem a guarda da criança.

Postagens realizadas pelo pai em suas redes sociais depois da conversa com a direção da escola teriam sido interpretadas por alguns pais como ameaças às crianças. Marina afirmou que apesar das postagens, a diretora negou que ela e a escola tenham sido ameaçadas.

Polícia monitora caso

“O pânico foi causado por conta do contexto que a gente vem enfrentando. Não que a violência tenha aumentado. Esses boatos se espalham e ficam reverberando por muito tempo por conta das redes sociais”, disse o delegado de Polícia de Serra Negra, Rodrigo Cantadori.

O delegado explicou que os boatos que envolveram a escola do Campo do Sete vêm se arrastando desde a semana passada e a Guarda Civil Municipal e a Polícia Militar estão monitorando o caso. 

“Mas ninguém deu queixa de nada. O Estado só pode agir a partir do momento que está no patrimônio de disponibilidade jurídico da vítima. Se ela disser que quer que o Estado faça alguma coisa, o Estado faz. Se ela não quiser, o Estado não pode fazer. A gente não pode tomar medida nenhuma”, salientou. A mesma conduta é aplicada às postagens nas redes sociais. 

O delegado avalia que a situação de pânico foi criada sem ter ocorrido um fato grave. “As equipes trabalharam na rua. Fizemos monitoramento, não mudou nada no final de semana. O que mudou foi o comportamento das pessoas influenciado por algo que não existia”, afirmou.

Lei Maria da Penha

Cantadori explicou ainda que a polícia só adotará medidas se houver alguma ameaça efetiva ou se causar alguma perturbação de fato aos munícipes. O delegado aproveitou a oportunidade para ressaltar a importância da Lei Maria da Penha nos casos de desajustes familiares e em especial quando as mulheres se sentem ameaçadas e com receio de entrar com uma representação na Delegacia da Mulher.

Ele explicou que a Lei Maria da Penha foi tecnicamente construída com base em aspectos psicológicos que mais impactam na condição de segurança da mulher. “Os instrumentos que a Lei Maria da Penha dispõe de proteção à mulher são eficazes sem a necessidade da prisão do agressor”, afirmou. 

O delegado avaliou que muitas vezes o receio da mulher se deve ao fato de a denúncia poder resultar na prisão do pai de seus filhos. Mas ele lembrou, no entanto, que a tendência é que a prisão se torne algo circunstancial.  

Cantadori salientou que a próxima mudança do Código do Processo Penal será de redução da penalidade para os crimes de menor potencial ofensivo. A pena para esses casos deverá se reduzir para até quatro anos.  

"Os casos de furto também vão se tornar procedimentos singelos, simples, que você não pode prender. Isso é um fenômeno internacional", comparou. "Mas até isso ser implantado e começar a gerar frutos, vamos ter distúrbios", ressalvou. 



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