//AUXÍLIO EMERGENCIAL// Procura por crédito consignado deve ser grande na cidade



O coordenador do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) de Serra Negra, Renan Fasolin Medeiros, manifestou preocupação com o risco de endividamento dos beneficiários do Auxílio Emergencial, que vão poder tomar empréstimos bancários e comprometer 40% de sua renda, o equivalente a R$ 240 mensais.

“Particularmente, acho um crime, permitir empréstimo por meio de benefício social, que já era concedido aos beneficiários do BPC, e que agora foi estendido também às pessoas que recebem Auxílio Brasil, o que é pior ainda”, afirmou Medeiros durante reunião online do Conselho Municipal de Assistência Social, realizada no ia 14 de julho.

A Medida Provisória de autoria do governo federal que autoriza os bancos a conceder empréstimo consignado às pessoas que estão abaixo da linha da pobreza foi aprovada pelo Senado no início do mês de julho. O empréstimo consignado é aquele concedido com desconto automático no pagamento do benefício ou do salário.

A procura do Cras por serranos interessados em atualizar o Cadastro Único (CadÚnico) aumentou de forma significativa depois da aprovação do crédito consignado e da PEC 1522, conhecida como PEC do Desespero.

A PEC, assim como a Medida Provisória que autoriza o endividamento das pessoas mais pobres, foram criadas pelo presidente Jair Bolsonaro na tentativa de reverter os resultados das pesquisas eleitorais que mostram uma possível vitória já no primeiro turno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT, às eleições presidenciais deste ano.

Medeiros explicou que mesmo pessoas que já estão com o cadastro atualizado têm procurado o Cras para se certificar de que vão poder receber os benefícios. A sua maior preocupação, no entanto, é com as famílias que já estão em insegurança alimentar e vão comprometer sua renda destinada à compra de comida com dívidas bancárias.

“As pessoas não param de ligar aqui no Cras para pedir o número do código familiar, elas vão querer fazer o empréstimo”, lamenta. O Cras fornece as informações solicitadas pelos beneficiários, mas também tem explicado que o benefício de R$ 600 se encerra em dezembro de 2022 e a partir dessa data o beneficiário não terá renda para pagar as parcelas restantes da dívida.

Os beneficiários que procuram o Cras estão sendo alertados também para o fato de que o valor dos juros da dívida ainda não foi divulgado e que o Auxílio Emergencial é um recurso para evitar que a população passe fome.

Alguns especialistas do mercado financeiro, entre os quais o economista Eduardo Moreira, calculam que os juros do crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil  podem chegar a 86% ao ano.

A avaliação do economista é que em vez de gastar com alimentação, o beneficiário vai usar os recursos para pagar dívidas, ou seja, o governo estaria transferindo aos bancos metade dos recursos que seriam destinados para a população comprar comida. 

Os economistas avaliam como absurda e irresponsável a autorização para que os bancos ofereçam empréstimo à população que está passando fome.




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