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Toda vez que Lula fala em rever o teto de gastos para fugir das amarras orçamentárias que inibem programas sociais vigorosos, é duramente criticado pela mídia, por governistas e pelo mercado financeiro.
Pode-se até discutir a razoabilidade do teto de gastos ou a falta de margem de manobra na gestão dos recursos públicos. O que não é compreensível, porém, é a incoerência nas análises.
A quatro meses da eleição, Bolsonaro e o Centrão falam em criar vale-diesel para os caminhoneiros, categoria bolsonarista radicalizada, e aumentar o vale-gás. Um negócio tão desesperado que ninguém sabe dizer ao certo quanto vai custar aos cofres públicos.
Antes mesmo dessas medidas, as estimativas de superávit das contas públicas de 1% do PIB neste ano já se convertiam em déficit de até 0,5% por causa das renúncias fiscais adotadas e outras em gestação para dar algum fôlego eleitoral ao governo. Só neste ano, serão R$ 95 bilhões em renúncia fiscal.
No fundo, o governo (?) Bolsonaro está dando longas pedaladas fiscais, mas todo mundo finge que não vê. Esse é o ponto da incoerência.
O problema vai transbordar para a próxima gestão. Analistas de bancos projetam déficit fiscal de até 0,5% do PIB em 2023 e 2024, mais uma herança maldita de Bolsonaro.
O agravante é que a gastança está sendo produzida apenas para tentar comprar votos, sem consequências, sem planeamento, sem porta de saída e sem compensações. Gastar por gastar, assim como com as emendas do orçamento secreto ou o cartão de crédito da Presidência, que também é secreto.
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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com
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