//FERNANDO PESCIOTTA// Fogo da Petrobras e fumaça da Amazônia

Há bons indícios de que o barulho que a turba bolsonarista está fazendo em torno da Petrobras não passa de fumaça provocada pela queima das folhas do desmatamento da Amazônia.

Os bumbos começaram a soar com mais força logo após a revelação dos assassinatos do ambientalista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, caso de grande repercussão internacional e de forte apelo popular no Brasil.

Os corpos de Dom e Bruno foram esquartejados após serem atingidos por tiros a queima roupa disparados por armas usadas para caçar animais.

A brutalidade ampliou a necessidade de se criar uma cortina de fumaça para tentar esconder a ação da milícia para a qual o governo Bolsonaro passa pano. Como em tudo, Bolsonaro é tóxico.

Nos últimos três anos, o desmatamento, a ação de garimpeiros e a violência alcançaram índices incomparáveis com gestões anteriores. Bolsonaro abriu a porteira do inferno na Amazônia. Quanto mais falarem do caso, mais o ventilador espalha lixo.

O novo aumento do preço dos combustíveis veio a calhar. É outro tema de apelo. Ao reagir, Bolsonaro e o Centrão tentam mostrar ao eleitorado uma contrariedade que na verdade é falsa. Nem os líderes de caminhoneiros, velhos e fieis aliados do governo, veem sinceridade nos ataques à Petrobras.

O governo tem diversas ferramentas à mão para resolver o problema, mas não as usa porque não interessa. Prefere o barulho.

Para uma gangue que vive do caos, é sempre oportuno ter alguém ou alguma coisa para onde apontar o dedo e que faça confusão, de forma a ficar sempre sob os holofotes. Os maus feitos vão para a sombra.

Não é por outra razão que o governo insiste na abertura de uma CPI governista para investigar a Petrobras. Imagina que sobraria menos espaço midiático para acompanhar o desgoverno.  

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com