//FERNANDO PESCIOTTA// A culpa é nossa



De fato, precisou, infelizmente, que Bruno Pereira e Dom Phillips sumissem na Amazônia, provavelmente assassinados, para muita sujeira saísse debaixo do pântano.

Conforme o tempo passa, mais se fica sabendo de podres patrocinados pela gestão Bolsonaro para dar guarida à milícia que passou a dominar a região, abrindo espaço para desmatadores, traficantes de armas e drogas, mineradores, garimpeiros, madeireiros ilegais e até agricultores.

Uma prova disso é que em setembro de 2019, quando ainda era coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Fundação Nacional do Índio (Funai), Bruno Pereira comandou uma grande operação contra o garimpo ilegal na região do Vale do Javari.

Duas semanas depois, Bruno estava retirado do cargo e nunca mais a Funai fez operações desse tipo para combater as muitas ilegalidades observadas na Amazônia.

O governo Bolsonaro abriu espaço para bandidos destruírem a floresta. A atitude, ninguém pode negar, é coerente com seu discurso. Verdade seja dita, Bolsonaro cansou de repetir que era contra a proteção florestal, contra o Acordo do Clima, que tudo isso não passa de uma grande bobagem.

Ele sempre defendeu o desmatamento, a ocupação da Amazônia a qualquer custo e conta com o apoio dos militares nessa empreitada.

A culpa é de quem estava (e aqueles que ainda estão) fazendo de conta que nada via e daqueles que conscientemente aprovam essa loucura. Em suma, a culpa é nossa, que o elegemos e permitimos que continuasse lá até hoje.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com



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