//SALETE SILVA// Quadradinhos contam histórias de amor, superação e dedicação



Por trás de cada manta exposta pelo grupo Quadradinhos de Amor neste sábado, 7 de maio, na Praça da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, há uma história de amor, superação, acolhimento e dedicação. As agulhas de crochê e os novelos de lã são apenas os instrumentos.

Quem move e faz chegar as lindas peças até os necessitados são mulheres como Valéria Glória de Almeida Helu, aposentada de 58 anos. Ela não mora em Serra Negra. Sua ligação com a cidade e com a região é muito mais do que um vínculo físico. É uma história de amor, assim como sua chegada ao grupo que lhe ajudou a superar um dos momentos mais difíceis na vida.

Valéria foi acolhida pelo Quadradinhos de Amor, em março de 2021, no meio da pandemia. Aposentada, aos 58 anos, ela conheceu o grupo por meio das redes sociais. A artesã é natural de São José do Rio Preto, mas sua mãe é de Monte Sião, assim como boa parte de sua família.

“Passei toda a minha infância e férias em Monte Sião, Serra Negra, Águas de Lindoia e Socorro”, afirmou. Valéria planejava morar em Serra Negra após a aposentadoria. Já traçava planos para isso e procurava apartamento para morar na cidade. Alguns dias após sua aposentadoria, no entanto, veio a pandemia.

Passou o ano de 2020 estudando e fazendo artesanatos em casa, com a ajuda de tutoriais encontrados na internet. Navegando nas redes, ela conheceu o Quadradinhos do Amor e entrou em contato com o grupo. “Não sabia fazer crochê com facilidade, mas sabia fazer tricô e achei que seria uma boa oportunidade para exercer o voluntariado”, relatou.

Como boa parte das integrantes do grupo, a paixão pelo artesanato caminha junto com o voluntariado e com o objetivo de destinar a produção a quem precisa. Valéria já fazia trabalhos voluntários antes de se aposentar.

Com a ajuda da internet, começou a aprender a fazer os quadradinhos. “Não tinha acesso ao grupo, elas se reúnem uma vez por mês e minha esperança era poder participar de um desses encontros para tirar dúvidas”, afirmou.

Valéria disse que se apaixonou pela proposta do grupo e para onde vai carrega consigo a sacolinha com a lã e as agulhas. “O grupo é uma benção. É para mim uma gratidão eterna por ter sido acolhida por elas e além de ajudar e ser ajudada", disse. 

A amizade com as demais integrantes se estreitou e Valéria diz que parece que as conhece pessoalmente sem nunca ter se encontrado com alguma delas. “São pessoas muito bacanas e me sinto muito acolhida.”

Os trabalhos durante a pandemia a ajudaram a passar os momentos difíceis da vida. “Meus filhos em São Paulo, eu aqui, as mortes estavam aumentando e eu com muito medo”, afirmou. Para enviar os trabalhos pelos Correios, Valéria usava duas máscaras, luvas e toda a parafernália necessária para não se contaminar.

“Tive crises de ansiedade e me dedicar ao trabalho pelo próximo me ajudou demais”, acrescentou. Ela esteve duas vezes em Serra Negra para entregar os trabalhos. Valéria só não esteve sábado na praça Nossa Senhora do Rosário, para a exposição das mantas porque o marido está se recuperando de duas cirurgias.

Com a trégua da pandemia, Valéria volta a sonhar com a ideia de morar em Serra Negra. “Quero começar a passar mais tempo aí e retomar meus planos, assim que o médico liberar meu marido”, disse.


 

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