//FERNANDO PESCIOTTA// Doria e o enterro de uma legenda



Gostando ou não de João Doria, é preciso reconhecer que ele teve um papel importante no combate à pandemia no Brasil. Talvez tenha sido o principal responsável por forçar o governo do inominável superar a fase aguda da idiotice e do negacionismo.

Doria usou o poder político e midiático do governador do Estado mais rico e mais populoso da Federação para expor seu ex-aliado como um genocida extremado.

O ex-governador acabou vítima de uma série de erros, cometidos por ele e pelo PSDB, que, entre outras coisas, ignorou a vontade dos militantes ao desdenhar do resultado das prévias.

Dito tudo isso, é preciso reconhecer também que o ex-candidato falhou ao não se preocupar com a unidade partidária, fez escolhas erradas no passado, se mostrou arrogante e desprezou vontades democráticas.

A saída de Doria da corrida presidencial é tão melancólica quanto a derrocada do PSDB, que não terá candidato a presidente pela primeira vez na história e viu sua bancada na Câmara cair 75% desde 2002. Talvez seja a última pá de terra jogada na sepultura do partido.

O PSDB começou a morrer em 2014, quando Aécio Neves não aceitou a derrota para Dilma Rousseff e fez uma série de acusações contra o processo democrático.

E se enterrou de vez quando jogou na latrina o significado de sua sigla ao se associar ao terrorista que hoje está no Planalto. Ninguém esquece a dobradinha Bolso-Doria, os votos tucanos, incluindo Eduardo Leite, naquele que sempre se orgulhou da tortura e demais crimes cometidos pela ditadura militar.

Nenhum partido supostamente social-democrata sobrevive associando ao nazismo. Que vá em paz.

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Fernando Pesciotta é jornalista e consultor em comunicação. Contato: fernandopaulopesciotta@gmail.com

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